O sucesso midiático de Taylor Swift a colocou também sob os holofotes nas eleições nos EUA. Neste domingo (11), além do esperado confronto entre Kansas City Chiefs e San Francisco 49ers na final do Super Bowl, os americanos acompanham mais um episódio televisionado do romance entre a cantora Taylor Swift e o jogador de futebol americano Travis Kelce.
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O Super Bowl, a grande final da temporada da NFL, detém as três maiores audiências globais na história da televisão. A última edição reuniu 115.1 milhões de telespectadores ao redor do mundo. Para 2024, a expectativa é que o número seja ainda maior.
Isso porque o relacionamento de Taylor e Kelce parece ter impulsionado o alcance dos jogos do time de Kelce, o Kansas City. Segundo a CBS News, emissora que transmitiu os jogos do time durante a temporada, a audiência explodiu nos 12 jogos em que Taylor esteve presente para apoiar o namorado.
A presença constante de Taylor nas mídias não é novidade, mas a discussão sobre o impacto político de um possível apoio da cantora à Joe Biden gerou expectativa no Democrata e preocupação no Republicano.
Audiência de Taylor Swift
O maior ativo de um artista para a política em geral é a sua capacidade de interlocução com um grande público. E os fãs de Taylor são muitos e são fiéis ao que a cantora prega.
No Instagram, a cantora possui mais de 280 milhões de seguidores. Sua última turnê, The Eras Tour, obteve faturamento acima de US$1 bilhão com mais de 4,35 milhões de ingressos vendidos. No aplicativo de streaming Spotify, suas músicas foram reproduzidas mais de 26 bilhões de vezes ao longo de 2023. Além disso, ela foi nomeada Pessoa do Ano pela revista Times em novembro do ano passado.
Mas, afinal, isso importa na política?
Na campanha em 2020, por exemplo, estima-se que mais de 65 mil eleitores americanos, entre 18 e 29 anos, registraram-se para votar menos de 24 horas após um apelo da cantora. Um dia antes das votações, Taylor fez um novo pedido para que eos eleitores comparecerem às urnas.
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— Taylor Swift (@taylorswift13) November 2, 2020
Por outro lado, em 2018, seu apoio ao candidato democrata ao Senado, Phil Bredesen, não foi suficiente para derrotar a senadora republicana Marsha Blackburn em seu estado natal, Tennessee.
Certamente Taylor não é a primeira artista a se ver em meio ao debate político eleitoral. Em 2008, o apoio de Oprah Winfrey à campanha de Barack Obama pode ter gerado mais de 1 milhão de votos para o Democrata, segundo um estudo da University of Maryland .
Nesse sentido, um dos casos mais estudados nos Estados Unidos foi o apoio de Oprah Winfrey à campanha de Barack Obama em 2008. A estimativa é de que a atuação de Oprah gerou mais de 1 milhão de votos ao Democrata.
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Propaganda para eleições nos EUA
Desde então, a evolução das redes sociais aproximou ainda mais o artista de seu público. O nível de interação entre as partes é muito maior e, o mais importante, gera muita informação sobre o público consumidor. Assim, a propaganda em massa da televisão ainda predominante em 2008, quando Oprah apoiou publicamente Obama, ganha uma alternativa: micro-targeting.
De acordo com o comentarista americano da CNN Michael Smerconish, esta será a eleição mais cara da história e boa parte do investimento será neste tipo de propaganda nichada. Além do prestígio dos influenciadores, as campanhas estão atrás de informações pessoais, como as preferências e as vulnerabilidades de cada audiência.
— Para mirar corretamente, a informação é essencial. Taylor tem muito disso. E demograficamente, a audiência de Taylor é exatamente o que a equipe de Biden precisa mais: desproporcionalmente feminina, jovem e apaixonada — afirma Michael Smerconish em seu programa na CNN.
Uma pesquisa da NBC News, de novembro de 2023, publicada no The Guardian, afirma que 40% dos eleitores têm uma visão positiva de Swift. O valor supera qualquer outra figura incluída na pesquisa, como Biden, Kamala Harris e Beyoncé. Enquanto 53% dos democratas dizem gostar de Swift, apenas 28% dos republicanos dizem o mesmo.
Democratas buscam endosso de Taylor
No dia 29 de janeiro, o New York Times publicou a matéria Por dentro do plano de batalha anti-Trump de Biden (e onde Taylor Swift se encaixa). No texto, o jornal afirma:
— Assessores de Biden estão elaborando listas de desejos de potenciais apoios, incluindo autoridades eleitas, influenciadores das redes sociais e o endosso dos seus sonhos mais loucos: a superestrela global Taylor Swift.
Desde então, o mundo político acompanha a cantora pop à espera de um posicionamento. Os democratas confiam que, em um momento mais próximo às votações, Taylor vai incentivar o público jovem a se engajar nas eleições. E esperam que recomende o voto em Biden.
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De acordo com o portal americano Politico, o Democrata também está de olho na agenda de shows da cantora. Em outubro, Taylor Swift realiza três shows em Miami, na Flórida – um estado em que Trump venceu nas duas últimas eleições e que o Partido Republicano detém maioria absoluta no Legislativo estadual. A população de quase 22 milhões de pessoas e o número de parlamentares colocam 126 delegados em disputa no estado, atrás apenas de Texas e California.
Com o apoio de Taylor nas eleições nos EUA, o Democrata espera equilibrar a disputa no estado. O congressista Maxwell Frost afirmou ao Político que a legenda precisa do apoio.
— A eleição está tão perto e esperamos que haja uma mensagem incluída para encorajar as pessoas, especialmente seus fãs, a votarem — afirmou o político de 24 anos — Precisamos de ajuda.
Republicanos apoio de Taylor nas eleições nos EUA sob suspeita
Se Taylor pode favorecer a campanha de Biden, a equipe de Trump tenta se antecipar a qualquer prejuízo que a cantora pode causar à sua candidatura. Com isso, o Super Bowl deste domingo entrou na lista de teorias da conspiração sobre o papel de Taylor Swift nas eleições para a Casa Branca em novembro.
Em sua conta no X, antigo Twitter, o empresário americano e ex-candidato às eleições presidenciais primárias do Partido Republicano em 2024, Vivek Ramaswamy, insinuou uma ligação entre o casal e o atual presidente, Joe Biden.
— Eu me pergunto quem vai ganhar o Super Bowl no próximo mês. E eu me pergunto se há um grande endosso presidencial vindo de um casal artificialmente apoiado culturalmente neste outono. Apenas algumas especulações malucas aqui, vamos ver como envelhece nos próximos 8 meses.
Além de Ramaswamy, outros integrantes do partido também já declararam que a edição do Super Bowl deste ano está manipulada para fazer propaganda da campanha de Biden para as eleições nos EUA.
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A suspeição sobre um possível movimento de Taylor foi assunto na Fox News, quando o comentarista político e apresentador Jesse Watters sugeriu que a cantora estaria a serviço do Pentágono.
— Há cerca de quatro anos, a unidade de operações psicológicas do Pentágono incluiu Taylor Swift como um ativo para uma missão, durante uma reunião da OTAN. Qual tipo de missão? Uma ação psicológica para combater a desinformação online.