Início » Governo vai zerar IOF até 2029 como requisito para ingresso na OCDE

Governo vai zerar IOF até 2029 como requisito para ingresso na OCDE

A+A-
Reset

O ingresso do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) inclui um acordo para a redução gradual do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre transações internacionais. A ideia é que o imposto seja zerado até 2029.

O fim do imposto poderá ser sentido, por exemplo, nas operações com cartão de crédito no exterior. A decisão também deve ter impacto em transações no mercado financeiro.

De acordo com o ministro da Economia, Paulo Guedes, a decisão dependia da aprovação da nova lei cambial, sanciona em dezembro de 2020. A norma facilita o uso de moeda brasileira em transações internacionais e abre espaço para bancos e instituições financeiras brasileiros investirem no exterior recursos captados no Brasil ou fora do país.

Saiba mais:

“Vamos continuar no caminho das reformas. São as reformas estruturantes que fazem essa convergência. Toda essa parte tributária e de movimentos de liberalização do fluxo de capitais, é importante. No final do ano passado, aprovamos a lei cambial. Aprovada a lei cambial, eu posso me comprometer com a redução da tributação do IOF”, disse Guedes.

Como será feita a redução

Após a divulgação da carta da OCDE, o Secretário de Assuntos Econômicos Internacionais do Ministério da Economia, Erivaldo Alfredo Gomes, explicou que a medida será tomada porque o IOF gera um problema de “câmbios múltiplos”, favorecendo um tipo de operação financeira em detrimento da outra, o que é condenado pela OCDE e pelo FMI. Por exemplo: o custo final ao converter Real em Dólar em uma casa de câmbio era diferente do que a conversão que acontece ao comprar um produto no exterior com o cartão de crédito.

O prazo para que o imposto seja zerado vai depender do tipo de transação sobre o qual o IOF incide. Sobre a primeira “faixa”, que incide sobre empréstimos com prazo médio (até 180 dias), a taxa deve ser zerada ainda neste ano, 2022.

Já as taxas sobre transações cambiais relativas a obrigações de emissores de cartões de crédito ou débito, aquisição de cheques de viagem e cartões pré-pagos internacionais, a redução será mais gradual — de um ponto percentual por ano até que chegue a zero em 2028.

O fim do IOF sobre a aquisição de moedas estrangeiras em espécie sobre a transferência de fundos de brasileiros para contas no exterior está marcado para 2028. Já transações estrangeiras que envolvem operações de câmbio devem ser zeradas apenas em 2029.

Renúncia fiscal

Segundo o secretário, a decisão terá como resultado uma renúncia fiscal de R$ 7 bilhões até 2029. O governo espera que essa queda de arrecadação seja compensada pelo aumento no número de transações que o imposto vai gerar.

“Entrando na OCDE, você se compromete que, em situações normais, não haverá entrave em transações internacionais, ao pagamento de serviços e ao pagamento de comércio exterior, sobre transações de investimentos de curto ou longo prazo. Você não tem obstáculos, mas pode ter requisitos legais, como a exigência de informações e registros, por questão de transparência, identificar o beneficiário e quem mandou o dinheiro”, explicou.

Em compensação, no futuro, o governo pode propor um novo imposto linear e não discriminatório, com alíquota de no máximo 2%, de acordo com definições do FMI. “Se você for estabelecer uma medida para penalizar uma operação, você tem que adotar a medida para o mundo como um todo, sem discriminar investidores”, disse.


Páginas do site

Sugira uma pauta ou fale conosco

Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de cookies. Aceitar Saiba mais