O depoimento de Moro à Polícia Federal

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A divulgação do esperado depoimento do ex-ministro Sergio Moro à Polícia Federal (PF) trouxe poucas novidades em relação ao que ele mesmo já afirmado em entrevista coletiva quando deixou o governo.

Por enquanto, a suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na PF não pode ser provada apenas com o depoimento. Segundo Moro, em fevereiro, através de uma mensagem via celular, Bolsonaro teria pedido a indicação de um novo superintendente para a PF do Rio de Janeiro (RJ). Na ocasião, Bolsonaro teria dito “você tem 27 superintendências, eu quero apenas uma”.

No depoimento, Sergio Moro não acusou Jair Bolsonaro de crimes. Segundo o ex-ministro, isso cabe às “instituições competentes”. Ao ser questionado sobre os motivos que levariam o presidente a ter interesse em definir o superintendente da PF no RJ, Moro afirmou que cabe ao presidente responder.

No dia anterior à sua decisão, Moro revelou aos delegados que se reuniu com Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Nessa ocasião, segundo o ex-ministro, ele foi informado que o então diretor-geral da PF, Marcelo Valeixo, seria trocado pelo diretor Alexandre Ramagem.

Segundo Moro, Bolsonaro gostaria de ter na diretoria-geral da PF “uma pessoa de confiança com a qual poderia interagir”.

Com base no depoimento prestado por Sergio Moro à PF – ainda não foram divulgadas as provas disponibilizadas pelo ex-ministro – não há como provar se houve interferência política de Jair Bolsonaro. Entretanto, o episódio “requenta” o tema na imprensa.

Embora o assunto mantenha o governo na defensiva, a revelação do depoimento não deve representar nova perda de popularidade para Bolsonaro nem incentivar o Congresso a levar adiante um processo de impeachment.

No entanto, tende a aumentar a pressão da imprensa sobre os ministros Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), que foram citados como testemunhas da tentativa de mudanças na diretoria-geral da PF, e prestarão depoimento no âmbito do inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

Outro ponto fundamental será a gravação da reunião citada por Moro e ocorrida no Palácio do Planalto com as presenças do presidente, dele e outros ministros.

Este tema terá novos desdobramentos ao longo da semana, já que o juiz Francisco Alxandre Ribeiro, do Distrito Federal (DF), deu o prazo de 72 horas para que o presidente Jair Bolsonaro apresente informações sobre a troca de comando na PF.

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