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Campos Neto minimiza impacto do resultado fiscal na taxa de juros

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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou, nesta quinta-feira (21), que o resultado fiscal não causa alteração de forma automática na taxa de juros estabelecida pelo BC. 

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— Se o fiscal for um pouquinho pior, mas o governo segue fazendo reformas, o mercado entende que uma coisa compensa um pouco a outra e não afeta as variáveis que são do nosso arcabouço de decisão, então para a gente não é tão relevante — afirmou Campos Neto sobre a relação entre resultado fiscal e política monetária. 

No entanto, Campos Neto alertou que a política fiscal tem impacto na política monetária.

— Apesar de não ter uma relação mecânica entre o fiscal e o que a gente faz, existe uma tendência observada no Brasil de quando o fiscal começa a desancorar, a inflação de longo prazo começa a desancorar também. 

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante coletiva sobre a condução da política monetária Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante coletiva sobre a condução da política monetária Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Queda da taxa de juros

O economista também foi questionado sobre a cautela na queda da taxa de juros. Campos Neto afirmou que a taxa real é próxima a nominal, além de reforçar que o importante na avaliação dos juros é o esforço monetário. A expressão representa a diferença entre o juros real e a taxa de juros neutra, em que não há inflação nem desinflação. 

— O Brasil tem uma taxa neutra bem maior que grande parte dos países. Então quando você pega a diferença do juro real para a taxa de juros neutra projetando para frente, o Brasil é um dos menores da América Latina. O Brasil está 1,5 e a média na América Latina está 3,5 — afirmou Campos Neto. 

Risco de greve no BC

Durante entrevista coletiva, o presidente do Banco Central (BC), também elencou a estruturação de carreira e um bônus de retribuição como medidas de curto prazo para responder às demandas dos servidores da instituição. A longo prazo, o economista defende a aprovação da PEC 65/23, em tramitação no Senado Federal.

— A PEC se esquadria em medidas de longo prazo. A PEC a gente entende que é uma forma de fazer o Banco Central ficar mais competitivo administrativamente e financeiramente no futuro. É um projeto do senador Vanderlan (PSD/GO) que a gente tem ajudado e que a gente está discutindo com o governo — afirmou Campos Neto.

— É um projeto muito importante para blindar esse processo de autonomia do Banco Central e nos colocar mais próximos ao que são os Bancos Centrais no resto do mundo — completou.

Edifício-sede do Banco Central, em Brasília

Sede do Banco Central, em Brasília. Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

O chefe do BC afirmou que mantém diálogo com a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck (PT), e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), para encontrar soluções para os servidores. O tema também foi assunto da conversa hoje com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB).

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Na quarta-feira (20), o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) afirmou que deverá dar início a uma greve caso não haja proposta de reajuste salarial para o próximo ano. Os trabalhadores avaliam que o orçamento de 2024 indica que os auditores fiscais da Receita Federal e a Polícia Federal terão aumentos. Os servidores do BC, no entanto, ficarão excluídos do benefício.

Relatório Trimestral de Inflação

O BC publicou, nesta quinta-feira (21), o Relatório Trimestral de Inflação com ajuste nas previsões de PIB, inflação, resultado fiscal e oferta de crédito, entre outros indicadores. 

Para o PIB, o BC melhorou sua estimativa de crescimento para a economia brasileira de 2,9% do relatório publicado em setembro para 3%. Os ajustes ao longo do ano foram motivados por um desempenho acima do esperado da agropecuária no primeiro trimestre e por uma resiliência no consumo em 2023. A previsão de crescimento para 2024 é de 1,7%.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante instalação da Comissão Nacional para a Coordenação da Presidência do G20, no Palácio do Planalto

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A projeção da inflação, no Boletim Focus, chegou a 6,05% ao ano na previsão de maio, no período de discussão da meta fiscal de déficit zero. No último relatório com as expectativas do mercado publicado, em 18 de dezembro, a projeção para a inflação em 2023 é de 4,49%. A correção nas projeções foi necessária pelos processos de desinflação, como ocorreu na alimentação no domicílio, em bens industriais e em serviços.

Resultado fiscal e Selic

Quanto à projeção de déficit fiscal, o BC prevê déficits de 0,8 em 2024, 0,6 em 2025 e 0,5 em 2026. Em relação à evolução do crédito no país, a instituição ajustou de 7,3% para 6,8% neste ano, principalmente em razão da desaceleração do crédito livre às famílias. Para 2024, espera-se crescimento do crédito superior ao de 2023, em termos nominais e reais, impulsionado pela aceleração do crédito livre às empresas.

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A taxa de juros deve seguir em avaliação a partir do ambiente externo e resultados fiscais do país. No segundo semestre, o Copom promoveu cortes de 0,5% na Selic, mas não é garantia que as reduções seguiram neste ritmo em 2024. Segundo a equipe técnica do BC, as taxas de inflação ainda rodam em níveis acima da pré-pandemia, apesar do processo de desinflação. 

Confira aqui o relatório completo.

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