A PEC dos Precatórios se tornou uma dor de cabeça tanto dentro do PDT como para quem articula os votos necessários para aprovar a medida em segundo turno. Depois do pré-candidato à presidência da República pela sigla, Ciro Gomes, pressionar por uma mudança de posicionamento daqueles que votaram pela PEC, um grupo de deputados já tem falado na possibilidade de acatar o pedido do ex-ministro.
O acirramento se deve à margem pequena obtida na votação em primeiro turno. Foram 312 votos a favor, quatro a mais do que os 308 votos que eram necessários. No PDT, dos 24 deputados da bancada, 15 votaram a favor da PEC. O objetivo do governo é aprovar o projeto com margem confortável.
Do lado de quem votou contra a PEC, há uma expectativa de que haja uma mudança massiva. As estimativas desse grupo, ainda que possam ser exageradas, são negativas para o governo. “Acredito que, dos 15 parlamentares que votaram com o governo, mais de 10 votarão contra no segundo turno”, declarou o deputado Túlio Gadelha (PE), que votou contra a PEC.
Já para o deputado Eduardo Bismarck (CE), que votou a favor da PEC, o placar não deve ser muito diferente. Isso porque um recuo do partido poderia atingir outros pontos do acordo, que inclui a aprovação de um PL para destinar 60% da verba dos precatórios do Fundef diretamente para o pagamento de professores.
“Nós não temos como voltar atrás. Se nós mudarmos a nossa palavra prejudicaria as conquistas para a educação. Podemos prejudicar professores e os governadores que estão esperando receber os precatórios”, pontuou Bismarck.
Lira cobra fidelidade
Além das pressões internas, o próprio presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pressiona o líder do partido, Wolney Queiroz (PE), para que ele não recue do acordo que garantiu o pagamento do Fundef em três parcelas. Lira chegou a cobrar publicamente a fidelidade do PDT ao acordo.
“Eu quero dizer publicamente sobre dois deputados que eu convivo, admiro e respeito, os deputados André Figueiredo e Wolney Queiroz, que são referência de homens sérios e comprometidos. Tudo que esses líderes pediram foram pautas da educação e que beneficiassem os professores. Nós respeitamos os posicionamentos políticos, mas acho que o PDT vai deixar a poeira baixar e os líderes explicarão a quem quiser ouvir”, disse em coletiva.
Por outro lado, Lira nega que os votos do partido sejam essenciais para garantir a aprovação. “Ontem tínhamos mais de 60 deputados ausentes. Isso não vai acontecer na terça-feira (9). O quorum será maior”, defendeu.
Alinhamento do discurso
A própria multiplicidade de discursos no partido tem gerado confusão. O deputado Félix Júnior (BA), que votou a favor da PEC, assume que pode votar de forma diferente na próxima terça-feira (9/11), a depender da decisão do partido, mas pede que a visão oficial do PDT passe por um nivelamento.
“Tem que mudar ou o posicionamento do Ciro, ou o posicionamento do partido, porque a gente tem que sair de lá com um posicionamento único”, cobrou, em conversa com a Arko Advice. Uma reunião está sendo negociada para a segunda-feira (8), de modo a tentar um acordo interno.
Contribuíram: Daniel Marques Vieira e Priscilla Miranda