Início » Autonomia do Banco Central é aprovada no Senado. O que muda?

Autonomia do Banco Central é aprovada no Senado. O que muda?

A+A-
Reset

O Senado Federal aprovou na noite de terça-feira o projeto de lei que dá autonomia ao Banco Central (BC). O Projeto de Lei Complementar (PLP) 19 de 2019, aprovado por 56 votos a favor e 12 contrários, retira o status de ministro do presidente do BC, estabelece o mandato fixo de 4 anos com possibilidade de recondução e retira do presidente da República o poder de demitir o dirigente a qualquer momento. O texto ainda precisa ser aprovado na Câmara dos Deputados, em votação que ainda não tem data para ocorrer.

“O Presidente, vai continuar apontando, nomeando seus diretores, mas o Senado vai aprovar ou não”, explica o autor do PLP, senador Plínio Valério (PSDB-AM).

O objetivo do projeto é proteger o BC de interferências políticas. Para os defensores do tema, sem a autonomia do BC, o governo pode ter a tentação de forçar um crescimento da economia no período antes das eleições, mas acabar por gerar desequilíbrio inflacionário.

“O que a autonomia formal faz é conceder uma importante blindagem institucional ao Banco Central, retirando-o das pressões e das disputas políticas de curto prazo, e isso gera benefícios notáveis para os países que adotaram esse modelo”, defendeu o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) durante a sessão.

“A credibilidade do Banco Central junto aos agentes econômicos sobe exponencialmente quando se sabe que o seu compromisso básico é inarredável, é com o controle da inflação, e que ele está livre das injunções e disputas políticas para atingir tal objetivo”, pontuou o senador.

Duplo mandato

O projeto foi aprovado com a inclusão do chamado “duplo mandato”. Ou seja, além de controlar a inflação passa a constar nas funções do BC o papel de fomentar o pleno emprego. Esse ponto foi incluído por emenda apresentada pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM) e acatada pelo relator do texto, senador Telmário Mota (Pros/RR).

De acordo com o texto aprovado, as funções de zelar pela estabilidade e eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego devem ser desenvolvidas de modo a não prejudicar o objetivo principal do BC: o controle da inflação.

A inclusão desse duplo comando havia sido criticada pelo autor do projeto de lei, Plínio Valério (PSDB-AM), em entrevista à Arko Advice. Para ele, o tema era o “calcanhar de Aquiles” do projeto. Contudo, a inclusão foi bem recebida pelos senadores.

Alcolumbre sai fortalecido

A aprovação do projeto de lei de autonomia do Banco Central marca a retomada na pauta reformista no Senado. Na avaliação da Arko Advice, a aprovação também fortalece o nome de Davi Alcolumbre para a corrida pela presidência do Senado, já que uma das acusações que se fazia a ele era o desinteresse que demonstrava pela pauta das reformas.

Câmara dos Deputados

Com a aprovação no Senado, o tema deve passar para a Câmara dos Deputados. Por lá também tramita um projeto sobre o tema – o Projeto de Lei Complementar (PLP) 112/19, de autoria do Executivo.

“Pode acontecer algo semelhante ao que aconteceu na votação do Marco Legal do Saneamento e a Câmara dar preferência ao texto do Executivo. Assim, será ela a dar palavra final sobre o assunto”, explica Cristiano Noronha, cientista político da Arko Advice. Como o projeto começou a tramitar na Câmara, o texto voltaria para ajustes na casa se o Senado fizer modificações.

Para Noronha, essa duplicidade de projetos pode acabar fazendo com que a análise do tema seja finalizada só no ano que vem.

Páginas do site

Sugira uma pauta ou fale conosco

Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de cookies. Aceitar Saiba mais