Rachel Vargas 
Luísa Rothenburg Durante seu discurso na Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), que se realiza em Buenos Aires, o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, sugeriu a criação de uma zona de livre comércio em toda América Latina, que vá do México até o sul da América do Sul.
Ele argumentou que muitas economias na América Latina são complementares, o que possibilitaria o avanço econômico e a maior integração da região. A fala do presidente ocorreu nesta terça-feira (24).
“Não seria momento de afirmar as nossas relações e que, desde a Celac, se impulsione uma zona de livre comércio nos nossos países, desde o México até o sul da América do Sul?”, propôs o presidente uruguaio.
Lacalle Pou defendeu que é necessário ação por parte dos países latino-americanos, a fim de que os discursos dos chefes de Estado se traduzam em iniciativas concretas de integração entre as nações da América Latina. “Pratiquemos com ação o que dizemos nos nossos discursos, para que esses tipos de foros subsistam com o tempo”, completou.
Acordo econômico entre China e Uruguai e desmonte do Mercosul
A sugestão para uma zona de livre comércio entre países latino-americanos ocorre em meio às negociações entre a China e o Uruguai para estabelecer a mesma relação econômica. O diálogo tem esquentado os ânimos e aumentado os rumores de ruptura no Mercosul, bloco econômico entre Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.
Apesar do ruído, Lacalle Pou declarou à imprensa que está disposto a ouvir, caso o Mercosul possua uma proposta “melhor” em relação ao acordo com a China e garantiu que a aliança uruguaia com a potência chinesa não significaria o fim do Mercosul.
Ele também não descartou a possibilidade de que o bloco sul-americano integre o acordo com o país asiático e disse que a negociação seria “mais forte”, caso os países sul-americanos decidam somar-se à proposta de livre comércio.
“O Mercosul é a quinta região mais protecionista do planeta. O Uruguai precisa se abrir para o mundo. Uma vez que cheguemos a algo firme, convidaremos os demais países para embarcarmos juntos”, afirmou o presidente uruguaio.
Lacalle Pou e Lula se reúnem nesta quarta-feira (25) em Montevidéu, no Uruguai, para tratar do tema. A expectativa é de que Lula tente convencer o presidente uruguaio a recuar da proposta com a China, embora Lacalle Pou tenha afirmado que não é rupturista, ou seja, o acordo com o país asiático não seria uma ameaça para o Mercosul.
A avaliação de especialistas é de que eventual ruptura do bloco econômico sul-americano também atrapalharia as negociações com a China, porque o desmonte do Mercosul poderia significar a diminuição do alcance comercial dos investimentos chineses no Uruguai.
O Brasilianista acompanha de perto a agenda internacional do presidente Lula, com a enviada especial Rachel Vargas.
