Com R$ 312 milhões em dinheiro público distribuídos a candidaturas do partido, o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, pode ficar sem recursos para financiar a campanha presidencial em eventual segundo turno. O diagnóstico é do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador do projeto de reeleição do pai, que afirma estar “muito preocupado porque o dinheiro do partido acabou”.
Ele admitiu ao jornal O Globo frustração com as cifras doadas até agora por pessoas físicas, apesar de o presidente ter sido o candidato que mais arrecadou neste formato, R$ 10,8 milhões. O senador reclama, porém, que a falta de recursos já tem afetado a campanha, como na escolha de destinos para viagens eleitorais do presidente, feitas em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), mas que precisam ser ressarcidas aos cofres públicos pelo partido.
E na distribuição de verba para financiar campanhas nos estados. Segundo o senador, com cofres vazios, candidatos a deputado federal, estadual e distrital acabam não ajudando a impulsionar a candidatura de Bolsonaro.
“O dinheiro que aguardávamos que viesse com as arrecadações estão sendo realizadas de forma muito lenta ainda. Isso atrapalha muito. Fazemos conta para ver quanto custa o deslocamento do presidente de um lugar para outro’, afirmou Flávio.
“Poderíamos estar com uma força muito maior, com capilaridade muito maior com os candidatos do PL a deputado federal e estadual com mais recurso para fazer a campanha e levando o nome do Bolsonaro. Isso não está acontecendo porque não tem recurso. Esse é sim um ponto crítico da nossa campanha”, declarou.
Pressionado por candidatos, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, publicou na semana passada um vídeo nas redes socais prestando contas dos gastos do partido nas eleições deste ano. Na gravação, o dirigente afirma que há uma “dificuldade muito grande” e que se não houver doações o partido passará por um “aperto”.
“Nós temos esse quadro hoje, a dificuldade é muito grande. Se nós não tivermos doações, vamos passar um aperto muito grande”, afirmou. “É essa satisfação (prestação de contas) que eu queria dar para todos vocês, para que a gente continue trabalhando para receber doações. As doações são muito importantes para nós. O dinheiro que vem do fundo não é suficiente.
Tesoureiros de campanha
O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, contratou o coronel da reserva Marcelo Lopes de Azevedo para responder pela função de tesoureiro de sua campanha à reeleição. Lula (PT) preferiu entregar o caixa da candidatura ao deputado Márcio Macêdo, do PT de Sergipe.
A busca de dinheiro nas duas principais campanhas ao Palácio do Planalto, porém, envolve figuras mais influentes que os tesoureiros oficiais. No comitê de Bolsonaro, a tarefa de obter recursos foi delegada especialmente ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Na campanha petista, a função de conseguir recursos envolve uma equipe maior, formada por advogados próximos de Lula. Desde a década de 1990, tesoureiros de campanha figuram no noticiário político e policial. O caso mais emblemático foi de Paulo César Farias, tesoureiro da campanha do então candidato à Presidência, Fernando Collor de Melo. PC Farias, como era conhecido, acabou assassinado em 1986.