Na frente das câmeras, um grupo de deputados fez discursos contundentes contra o “fundão” eleitoral de R$ 5 bilhões. Hoje, longe dos holofotes, aceitaram usar o dinheiro que condenaram.
Dos 167 deputados e senadores que se posicionaram contra a reserva bilionária em votação e nas redes sociais, justificando ser uma “excrescência”, uma “vergonha”, uma “aberração”, 124 estão usando o dinheiro para financiar suas campanhas neste ano.
Os candidatos podem abrir mão de receber os recursos e utilizar apenas doações de pessoas físicas. Nesses casos, o partido pode destinar o dinheiro para outros postulantes ou, até mesmo, devolver aos cofres públicos.
O deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), ex-líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara, o senador Rodrigo Cunha (União-al), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progresistas-Al), e Bia Kicis (PLDF), da tropa de choque do Palácio do Planalto no Congresso, foram os críticos do fundão que mais pegaram dinheiro dessa verba.
Vitor Hugo e Rodrigo Cunha têm em comum candidaturas a governos de Goiás e Alagoas. A lista é reforçada por estrelas de um campo e outro da política, como os deputados Carla Zambelli (PL-SP), André Janones (Avante-MG) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Na época da votação que definiu o fundão de R$ 5 bilhões, Vitor Hugo classificou a verba como “exagero”.
Com a triplicação do número de candidatos a deputado federal neste ano, o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, enfrenta problemas para repartir o bolo milionário de R$ 268 milhões provenientes do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, o chamado fundo eleitoral.
De um total de 540 candidatos da sigla que disputam uma vaga na Câmara, quase metade deles não recebeu recursos do diretório nacional até o momento. O aperto no cofre partidário, com a priorização de alguns nomes, provocou insatisfação no PL. Alguns ameaçam desistir da disputa. Do total de candidatos a deputado federal, 269 não foram contemplados pelo partido