Para manter o Auxílio Brasil em R$ 600 e atender 21,6 milhões de famílias serão necessários R$ 157,7 bilhões no ano que vem, ou 1,5% do PIB. É um salto gigantesco em comparação com os custos do extinto Bolsa Família, que oscilavam entre 0,3% e 0,5% do PIB antes da pandemia.
Cientistas políticos e economistas são unânimes em dizer que não há espaço para que o benefício volte ao patamar de R$ 400, mas têm dúvidas se o modelo é sustentável no longo prazo. Eles ainda apontam mudanças necessárias.
Uma delas é um redesenho que evite fraudes e faça o benefício chegar às mãos de quem realmente precisa. Outra medida é a recuperação do cadastro único, deixado em segundo plano pelo atual governo. O Brasil nunca gastou tanto e atendeu tantas famílias com transferência de renda direta do governo para os mais pobres.
Mas enfrenta o obstáculo de fazer mais e melhor com o dinheiro para combater a pobreza e a fome no país, que subiram com a disparada dos preços. A depender das promessas dos quatro candidatos à Presidência, que estão na frente nas pesquisas, o Brasil entra em 2023 com o maior programa social de transferência de renda da história e um orçamento cinco vezes maior do que existia antes da Covid-19.
Lula (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) acenaram que vão manter o valor de R$ 600 do Auxílio Brasil, caso eleitos. O ministro da Economia, Paulo Guedes, embarcou na campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) e assumiu o discurso de manutenção do benefício mínimo de R$ 600 no Auxílio Brasil.
A medida representa a necessidade de mudanças no teto de gastos — norma constitucional que impede as despesas crescerem acima da inflação. O ministro também tem usado em encontros com empresários e representantes do mercado financeiro para rebater críticas e defender as políticas adotadas sob sua gestão.
Nessas conversas, Guedes também transmitiu a mensagem de que o piso de R$ 600 do Auxílio Brasil valeria para este ano, e o futuro do benefício seria discutido num segundo momento.