Tudo pode ficar pro ano que vem


Numa das semanas mais agitadas do ano, Michel Temer, Leonardo Quintão e Eduardo Cunha monopolizaram as iniciativas políticas na véspera das festas de fim de ano, quando sequer se sabe se haverá recesso parlamentar. A agenda do país continua governada pelo impeachment, que pode ficar para 2016, a exemplo do processo de cassação de Cunha. A palavra final deverá ser dada pela sessão do Supremo da próxima quarta-feira, 16, e pelo Ministério Público.

Michel Temer

Numa carta na qual faz duras críticas à presidente Dilma, o vice-presidente desabafa e assume novo protagonismo

O vice-presidente da República assumiu um protagonismo extraordinário na crise política. Escreveu uma carta-desabafo à presidente Dilma dizendo o que estava engasgado em grande parte do PMDB. Nela, registrou que não tem a confiança da presidente e é um vice decorativo. Equivale a um rompimento. Temer enumerou uma dezena de fatos para demonstrar que tanto ele quanto o partido não têa consideração do Planalto. A carta vazou e serviu de fermento para a confusão no momento em que Dilma mais depende de um PMDB, mesmo rachado, que trocou de líder na Câmara em meio à tempestade do impeachment.

Leonardo Quintão

Apoiador de Dilma em 2014, Quintão foi escolhido pela ala oposicionista do PMDB para a liderança da bancada

Deputado em terceiro mandato, não figurava entre os notáveis do PMDB. Após intensa articulação do vice-presidente Michel Temer, foi alçado à liderança da bancada em substituição a Leonardo Picciani (RJ). Considerado um moderado, apoiou a presidente Dilma em 2014 e foi o nome encontrado pela ala oposicionista do partido para assumir tal posição. Na véspera da troca na liderança, Quintão recusou convite de Picciani para assumir o Ministério da Aviação Civil em lugar de Eliseu Padilha. Candidato a prefeito de Belo Horizonte em 2008, na condição de líder seu nome volta à bolsa de apostas para a disputa em 2016.

Eduardo Cunha

Presidente da Câmara manobra o regimento interno há dois meses para driblar cassação de seu mandato

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, está muito próximo de seu objetivo: adiar para 2016 a abertura do processo de cassação de seu mandato. Caso não seja votado logo, a ação só terá curso após o retorno do recesso. Cunha tem conseguido obstruir a ação do conselho usando sua tropa de choque e manobras regimentais temerárias. O novo relator, Marcos Rogério, promete apresentar parecer pela cassação esta semana. Os adversários esperam que o Procurador Geral da República afaste Cunha da presidência da Mesa, arbitrando uma disputa de dois meses.

Luiz Edson Fachin

Supremo Tribunal decide na quarta-feira como será a tramitação do impeachment da presidente Dilma

O rito e o prazo de tramitação do impeachment da presidente Dilma estão nas mãos do ministro do STF Luiz Edson Fachin, relator de recurso do PC do B contra a eleição dos integrantes da comissão que apreciará o processo na Câmara. Fachin, o procurador geral da República e o presidente do Senado, Renan Calheiros, defendem uma tramitação diferente da proposta pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O mecanismo da eleição – voto secreto – também foi questionado. O julgamento será na quarta-feira, 16, e poderá implicar na transferência da decisão para 2016.

Marcos Rogério

Novo relator do processo contra Eduardo Cunha apresenta seu parecer na próxima terça-feira, mas desfecho só em 2016

Marcos Rogério (PDT-RO), deputado de segundo mandato, recebeu a maior de todas as missões desde que chegou à Câmara em 2011: relatar o processo contra Eduardo Cunha. Ele assumiu o desafio depois que o vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhã (PP-MA), decidiu substituir Fausto Pinatto (PRB-SP). O partido de Pinatto integrava o mesmo bloco do PMDB no início do ano. E o regimento diz que o relator não pode ser do mesmo partido, bloco ou estado daquele que está sendo julgado. Pinatto disse que foi ameaçado. O novo relator afirma não temer ameaças.

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