Temer esfria a crise


Desde que começou o governo, em maio, o presidente Michel Temer tem lidado com a crise, em virtude do peso da bagagem das amizades que carrega. Dois de seus companheiros de batalha de longa data foram queimados: Romero Jucá e, agora, Geddel Vieira Lima. De seu círculo íntimo, sobram Moreira Franco e Eliseu Padilha.

A saída de Geddel do ministério, onde estava à frente da Secretaria de Governo, ao contrário do que aponta a imprensa deve esvaziar a crise deflagrada com a demissão de Marcelo Calero, o ex-ministro da Cultura que acusou Geddel de pressioná-lo.

Primeiro, pelo fato de que a crise em questão, ainda que real, foi inflacionada pela imprensa. Sem fatos novos, deve cair no esquecimento. A demora na saída de Geddel e os rumores de uma gravação de conversas entre Calero e Temer inflamaram um ambiente já conflagrado pelo debate da anistia a políticos.

Segundo, pelo fato de que o Congresso vai continuar a trabalhar e a PEC dos Gastos, por exemplo, deve avançar esta semana. As declarações do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), são firmes nesse sentido.

Enquanto não decide quem será o novo coordenador político, Temer vai assumir a função para manter de pé a agenda no Senado. Sabiamente, coloca-se contra a discussão da anistia ao anunciar que vetará qualquer forma de perdão a quem estiver envolvido com caixa 2.

Apesar da crise em torno de Geddel, o Congresso avançou em temas importantes. Por exemplo, o projeto de lei que transforma as concessões de telefonia em autorização prosseguiu na Câmara. A nova lei do pré-sal vai ser promulgada. A regulamentação dos cassinos será aprovada no Senado e até mesmo uma minirreforma política já foi desenhada e será examinada na Câmara.

Paradoxalmente, em meio a graves crises políticas, uma das piores composições do Congresso em matéria de lideranças está conseguindo aprovar uma agenda importante.

A saída de Geddel, cuja liderança era contestada dentro do ministério por sua forma assertiva de agir, poderá permitir a Temer fortalecer ainda mais a sua base política. Desde que o escolhido tenha bom trânsito na Câmara dos Deputados.

A entrevista no fim de semana, quando, escoltado por Renan Calheiros e Rodrigo Maia, o presidente reafirmou o desejo de não apoiar a anistia ampla a políticos, serve para acalmar um pouco o ambiente político.

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