Política Externa, Real Politik e as retóricas de sempre


Nesta terça-feira, 20, o presidente Michel Temer realizou sua estreia na cena internacional ao discursar na abertura da 71ª Sessão da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O discurso de Temer foi antecedido pelo gesto mal criado e intolerante daqueles que pregam a democracia como se a respeitassem.

Na Política Externa, o simbolismo diz muito. Os gestos falam por si e podem construir pontes ou derrubá-las definitivamente. A Real Politik é o pano de fundo que está por trás dos gestos e do simbolismo. Falamos grosso publicamente, mas colocamos o rabo entre as pernas quando as coisas são tratadas de forma privada.

Este tem sido o comportamento de países autoproclamados exemplos de democracia, mas que se sustentam apenas por meio das retóricas de sempre. Fossem mais inteligentes, os Estados Unidos já teriam derrubado o embargo econômico contra Cuba e desnudado um regime tão corrupto quanto incompetente. E não porque é um regime comunista linha-dura, mas porque são assim todos os governos.

Durante o processo de impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo, Cuba não questionou a sua legalidade nem esbravejou contra a suposta ruptura democrática no Brasil. Tratava-se de movimento político liderado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que também “exigiu” o impeachment de José Sarney com quem se aliou depois, de Itamar Franco, e de Fernando Henrique Cardoso, ou seja, de todos os presidentes eleitos democraticamente pelo voto direto.

Lula escapou do mesmo destino de Dilma porque seu primeiro-ministro formado nas hostes da Revolução Cubana, José Dirceu, estava comprando votos no Congresso, como se revelou durante o processo do Mensalão.

Dilma foi apeada do poder pelos mesmos que sustentavam o seu governo e deram apoio ao de Lula. O impeachment, entre outras coisas, é resultado de uma briga de quadrilhas. Se temos o PMDB no poder hoje, a culpa é do PT. Isso os bolivarianos não querem enxergar ou têm vergonha de reconhecer.

No entanto, os chamados “governos progressistas” se deram ao direito de se comportar como uma criança birrenta de 5 anos e abandonam o recinto onde um Chefe de Estado discursava. Não o fazem quando ditadores ocupam o mesmo espaço, principalmente se são ditadores socialistas.

Abandonam o recinto para não ouvir um suposto “golpista”, mas não cortam as relações nem devolvem os bilhões recebidos. Se Bolívia, Cuba, Costa Rica, Equador, Nicarágua e Venezuela consideram ilegítimo o governo do Brasil, que tratem de denunciar os acordos e tratados que mantém, fechem suas embaixadas e consulados e devolvam ao erário brasileiro as fortunas que deixaram de financiar obras aqui. Simples assim.

Não o fazem porque entre a Real Politik e a “política” está a retórica. Aquilo que dizem e que não vale absolutamente nada. Vejamos o exemplo surrado da Venezuela que durante a ditadura chavista nunca deixou de entregar uma única gota de petróleo aos Estados Unidos, eleito como o precursor de todos os seus males e desgraças.

Michel Temer é o presidente do Brasil. Foi eleito numa chapa com Dilma Rousseff. Foi escolhido por ela e pelo PT para dar à candidatura a credibilidade que a petista nunca teve, portanto, tem legitmidade para estar onde está, como Itamar teve quando Collor foi derrubado (aliás, o mesmo Collor ressuscitado na política pelo PT).

Que os países bolivarianos tratem de atacar o Supremo Tribunal Federal, instância maior de preservação da Constituição Federal. Se houve golpe no Brasil, o STF fez parte disso. E não esqueçamos que nove de seus onze ministros foram indicados pela dupla Lula – Dilma. Do contrário, vai parecer que estão reagindo apenas porque a torneira fechou.

 

 

 

Postagens relacionadas

Institutos de pesquisa confrontam os likes do Twitter de Bolsonaro

Institutos de pesquisa confrontam os likes do Twitter de Bolsonaro

Possível liberação do aborto de fetos com microcefalia pelo STF é criticada na CAS

Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de cookies. Saiba mais