Personagens da semana: entrada de Lula isola o governo


Fracassou a manobra orquestrada pela presidente para impedir o racha na base e bloquear o processo de impeachment. Publicação de grampos de conversa entre Lula e Dilma alimentou uma onda de protesto e provocou a intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF).

Lula

Divulgação de diálogo comprometedor com Dilma anula efeito positivo de seu papel de coordenador político

Nomeado para a Casa Civil (coordenação política) como a bala de prata capaz de salvar Dilma do impeachment, o ex-presidente Lula não conseguiu sequer sentar-se na cadeira. O juiz Sérgio Moro quebrou o sigilo de um grampo no qual a presidente dá a entender que pôs Lula no Ministério para evitar sua prisão pela Lava-Jato, uma vez que passaria a desfrutar de foro privilegiado (Supremo). O escândalo gerou reações negativas em cadeia – manifestações, agravamento da crise com o PMDB, vitaminação do impeachment. O pleno STF poderá derrubar as ações que anularam a posse, mas há o risco de manutenção do processo de Lula na jurisdição de Moro.

Dilma Rousseff

Presidente nomeia Lula ministro, compra briga com PMDB e processo de impeachment começa a andar no Congresso

A fórmula da presidente Dilma para retomar a iniciativa política, terceirizando o governo para Lula, não funcionou. Como consequência, ela acumulou mais reveses. A ideia de que, acossado pelo juiz Moro, ele buscaria proteção no foro privilegiado, gerou inúmeros protestos. Além do ex-presidente na Casa Civil, Dilma deu posse ao deputado Mauro Lopes na Secretaria de Aviação, e com isso desagradou ao PMDB, que proibira seus membros de assumir cargos no governo. Michel Temer não compareceu em sinal de protesto, a bancada ruralista aderiu ao impeachment e o PRB (23 parlamentares) resolveu deixar a base.

Sérgio Moro

Juiz desestabiliza estratégia do PT ao publicar conversas grampeadas do ex-presidente com políticos

O magistrado alvejou o governo com a autorização para publicar grampos de diálogos de Lula com outros políticos, e provocou uma intricada polêmica jurídica a respeito da legalidade de tal ato. Além causar a anulação da posse do ex-presidente na Casa Civil, a liberação de áudios obrigou o Ministério Público a analisar se cabe investigar a presidente Dilma por suposta tentativa de obstrução da Justiça. A iniciativa de Moro foi questionada por se tratar de quebra de sigilo de presidente República, mas ele teve o apoio do procurador-geral da República. Avalia-se no meio político se Moro foi longe demais.

Jovair Arantes

Ligado a Cunha, ele diz que cabe ao presidente da comissão decidir se mantém a delação de Delcídio no processo

O líder do PTB foi escolhido relator do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Arantes integra a base do governo e é aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o maior adversário político do Planalto no Congresso. Após ser eleito, assegurou: “Esse relatório com certeza vai desagradar a um dos lados, mas tenho de agir como magistrado”. De acordo com os prazos regimentais, seu relatório será apresentado cinco sessões após a manifestação da defesa da presidente, prevista para 04/04. Nesta segunda, o relator apresenta para a comissão seu cronograma de trabalho.

OAB

Por expressiva maioria, entidade que propôs tirar Collor deu apoio ao pedido de impeachment da presidente

Em reunião pautada por discursos inflamados, a OAB apoiou, na sexta-feira (18), o pedido de impeachment de Dilma Rousseff, ao aprovar parecer que reconheceu a prática de crimes de responsabilidade por parte da presidente da República. A entidade foi autora do pedido que resultou no afastamento do ex-presidente Fernando Collor, em 1992. Na votação, apenas a bancada do Pará e o conselheiro Marcelo Lavenère foram contra, ato de forte contestação aos argumentos do Advogado Geral da União, José Eduardo Cardozo, que compareceu e fez a defesa da presidente. O gesto produzirá expressiva repercussão política.

Postagens relacionadas

Institutos de pesquisa confrontam os likes do Twitter de Bolsonaro

Institutos de pesquisa confrontam os likes do Twitter de Bolsonaro

Possível liberação do aborto de fetos com microcefalia pelo STF é criticada na CAS

Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de cookies. Saiba mais