Para cortar gastos públicos no longo prazo


Duas medidas do pacote anunciado hoje pelo ministro Henrique Meirelles foram as mais bem recebidas pelos agentes econômicos: a devolução de R$ 100 bilhões do BNDES ao Tesouro e o teto de gastos que será imposto ao governo com base no percentual de crescimento do PIB do ano anterior.

A primeira medida é considerada a mais adequada para uma situação de emergência, como a atual, pois aponta um prazo para atingir o equilíbrio enquanto a equipe econômica prepara reformas estruturais.
A segunda funciona como uma espécie de DRU (Desvinculação das Receitas da União), num momento em que o governo não tem margem de manobra para mexer na carga tributária. Perdida a obrigatoriedade do gasto nos setores de Educação e Saúde, num percentual fixo, ele pode ser deslocado para outros. A flexibilização acabará com a camisa de força imposta a uma parte do orçamento.

Se forem postas em prática, segundo o ministro Fazenda , resultarão numa queda das despesas públicas entre 1,5% a 2% em três anos.

Com isso, a despesa, que vinha crescendo a uma taxa de 6% acima da inflação nos últimos anos, cairá a zero. Esse é um sinal importante que as autoridades precisam dar aos consumidores e ao mercado. Aprovado o déficit de R$ 170 bilhões este ano, desaparecerá a espada sobre a cabeça do ministro, a cobrança de cumprimento de uma meta muito justa, portanto, irreal. O que ele conseguir de ganho em relação a esse número será lucro.
Ou seja, o que o Henrique Meirelles anunciou, na prática, foram as linhas gerais de um plano de longo prazo (2016/2018) para reequilibrar as contas públicas, a ser cumprido por etapas. Agora será necessário formular as medidas, o que poderá gerar algum ruído no Congresso.

Apesar de genéricas, elas foram bem recebidas, principalmente por causa do foco no longo prazo e de permitir o controle mais seguro da dívida. As expectativas voltam-se agora para aprovação da ampliação da meta do resultado fiscal.

Postagens relacionadas

Institutos de pesquisa confrontam os likes do Twitter de Bolsonaro

Institutos de pesquisa confrontam os likes do Twitter de Bolsonaro

Possível liberação do aborto de fetos com microcefalia pelo STF é criticada na CAS

Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de cookies. Saiba mais