O acirrado ambiente interno do PT


A corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), que controla o diretório nacional do PT, articula a condução do ex-presidente Lula ao comando do partido. O primeiro passo nessa direção foi dado na semana passada, quando a Executiva decidiu adiar de dezembro deste ano para março de 2017 o Encontro Extraordinário que discutirá a abreviação do mandato da atual direção.

A estratégia da CNB, chamada de “solução Lula”, é ganhar tempo para conter as ações que vêm sendo promovidas pelas correntes mais à esquerda com o objetivo de assumir o controle da legenda. Os petistas contrários à corrente majoritária já criaram inclusive um movimento, chamado “Muda PT”.

Embora Lula ainda resista a assumir a sigla, a solução pode servir de palanque para sua eventual candidatura ao Palácio do Planalto em 2018, já que o ex-presidente poderia viajar pelo país mobilizando as bases.

No entanto, a articulação da CNB em favor de Lula é criticada pela corrente Mensagem ao Partido, que tem o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro como um de seus principais expoentes. Na avaliação de Tarso, o PT deve priorizar um pacto interno para abrir espaços a novos dirigentes e promover uma renovação.

O ex-governador gaúcho defende a criação de uma frente de esquerda, composta também por não petistas.

A decisão da CNB de adiar o Encontro Extraordinário e a criação do movimento para que Lula assuma a presidência nacional do partido em substituição a Rui Falcão visam, como já dito, conter a articulação interna que vem sendo feita por correntes como a Mensagem.

O fato é que a crise ética que atinge o PT gerou um forte questionamento interno ao comando da CNB, que, para muitos petistas, teria perdido as condições políticas de seguir no poder.

Com um ambiente interno bastante tensionado e correndo o risco de sofrer, em breve, a maior derrota de sua história numa eleição municipal, nem mesmo um racha pode ser descartado no PT a partir de 2017.

Segundo Tarso Genro, há hoje de 20 a 30 deputados federais petistas defendendo a formação de uma frente de esquerda, tese da Mensagem. Ao mesmo tempo, a CNB fará o possível, até apelar para a “solução Lula”, a fim de seguir controlando o partido, o que ocorre desde 1995.

CNB e Mensagem também divergem quanto a 2018. A CNB enxerga Lula como a “única” solução viável. Já a Mensagem avalia que o ex-presidente é apenas uma das opções e que seu nome deve ser discutido dentro da frente de esquerda. Para os opositores da corrente majoritária, até mesmo o apoio a um candidato de outro partido não deve ser descartado.

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