Gravações atingem Jucá e aumentam pressão sobre Temer

A Folha de S.Paulo desta segunda-feira (23) divulgou transcrições de diálogo entre o ministro do Planejamento, senador licenciado Romero Jucá (PMDB-RR), e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. As gravações sugerem que uma “mudança” no governo federal resultaria em um pacto para “estancar a sangria” representada pela Operação Lava-Jato, que investiga ambos.

Ou seja, a conversa alimenta a argumentação do PT de que houve uma operação política para afastar a presidente Dilma. O motivo estaria agora explícito. É a primeira grande crise política que o presidente interino Michel Temer enfrenta com apenas duas semanas no cargo. Ela é potencialmente explosiva por vários motivos.

Em primeiro lugar, insinua que a ex-presidente Dilma Rousseff não teria condições de interferir na Operação Lava-Jato. Temer, ao propor um governo de união nacional, poderia conter a investigação.

Segundo, envolve um importante integrante da equipe econômica. A tarefa de Jucá é viabilizar a aprovação do ajuste fiscal e econômico a ser elaborado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O episódio aumenta as incertezas políticas no Congresso em relação à votação de matérias importantes. A aprovação da nova meta fiscal (déficit de R$ 170,5 bilhões) prevista para amanhã, 24, pode ser afetada.

Outro ponto: o conteúdo das gravações é revelado após um final de semana de mobilizações contra o presidente interino. A reportagem pode alimentar novos protestos e aumentar a dificuldade de Michel Temer de conquistar apoio popular.

E agora, Jucá?

Em gravação, Jucá sugere pacto para deter Lava-Jato.

O mais importante: chamado a dar explicações, o ideal seria Jucá pedir demissão, poupando o presidente desse desgaste e deixando claro que não há qualquer envolvimento dele no episódio. De volta ao Senado, ele se defenderia e ajudaria a aprovar o pacote de medidas de estabilização econômica. Uma alternativa para minorar o impacto da perda de Jucá seria a transferência de José Serra do Itamaraty para o Planejamento, o que reforçaria a percepção de um ajuste vigoroso.

A crise municia o PT de argumentos para contestar Michel Temer, explorando a ideia de que houve uma articulação para afastar a presidente Dilma com o intuito de inviabilizar a Operação Lava-Jato.

Tudo isso ofusca o anúncio de um conjunto de medidas que a equipe econômica fará nesta terça-feira. O governo esperava criar um ambiente positivo junto aos agentes econômicos.

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