Eventual governo Temer fortalece PMDB em SP


Caso Michel Temer chegue ao Palácio do Planalto, além de mudanças importantes na política nacional, haverá modificações no cenário político em São Paulo (SP).

Em meio a divisão do PSDB sobre participar ou não do eventual governo do PMDB no país, o senador José Serra (PSDB-SP) continua cotado como ministeriável. Seu partido articula a aprovação de uma moção obrigando os filiados que queiram assumir cargos num governo Michel Temer a se licenciarem, além de assumir o compromisso de não ser candidato nas eleições de 2018. Se a norma vingar, a possibilidade de Serra deixar o PSDB pode crescer.

No ninho tucano, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) são os que tem mais chances de ser o candidato a presidente do partido em 2018. Para disputar novamente o Palácio de Planalto, José Serra teria que migrar para o PMDB (nesse caso, seria o candidato do governo Michel Temer) ou outra legenda.

Caso Serra opte pelo PMDB e filie-se a esse partido no curto prazo (ainda neste ano, por exemplo), poderá se transformar num importante cabo eleitoral da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), que concorrerá à prefeitura de SP em outubro. O senador tucano também pode contribuir com a campanha de Marta se for ministro de Temer.

Além de força de Serra na capital paulista, Marta teria também outro atributo importante: seria a representante do governo Michel Temer. Marta pode ganhar ainda o reforço do PSD, caso o vereador Andrea Matarazzo abra mão de concorrer para compor com o PMDB. Uma eventual chapa Marta-Matarazzo seria competitiva, com chances de sustentar um discurso da união de uma ex-petista com um ex-tucano, postulando o espaço de uma terceira via.

Vale recordar que PMDB e PSD aliaram-se nas eleições de 2014, quando Gilberto Kassab (PSD) fez campanha como candidato a senador na chapa do presidente da FIESP, Paulo Skaf (PMDB), candidato a governador derrotado por Alckmin.

Com José Serra no PMDB, se abriria espaço para o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) como candidato a governador do PSDB em 2018, já que Geraldo Alckmin não pode concorrer novamente. Porém, a proximidade de Aloysio é com Serra, não com Alckmin.

O problema para o PSDB e Alckmin é que com José Serra no PMDB, ganharia força o nome do Paulo Skaf (PMDB), que acumulou um importante recall na última disputa eleitoral.

Mesmo que Serra não se filie ao PMDB, sua eventual ida para o ministério de Michel Temer não agrada nem Geraldo Alckmin nem Aécio Neves, pois o senador tucano poderá ser contemplado com uma pasta importante na Esplanada dos Ministérios e ganhar mais força política. Ou seja, a presença de Serra na eventual gestão Temer tem potencial para ampliar ainda mais a divisão no PSDB paulista.

Assim, o governo Michel Temer parece não ser interessante para o PSDB paulista. Além do risco de perder José Serra, o PSDB assistiria o PMDB ganhar força como alternativa aos tucanos no maior colégio eleitoral do país. Além de fortalecer o nome de Marta na disputa pela prefeitura da capital, Skaf viria forte como candidato a governador em 2018.

Com o PT e outros partidos sem poder de competitividade eleitoral, sobretudo na disputa de 2018 pelo Palácio dos Bandeirantes, o PMDB sairia robustecido. Por isso, a participação institucional do PSDB no governo Temer não interessa a Alckmin, e como fortalece muito Serra não é conveniente para Aécio.

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