Economia e custo político das reformas explicam impopularidade de Temer


A pesquisa CNI/Ibope divulgada hoje mostra que a avaliação positiva (ótimo/bom) do governo Michel Temer caiu três pontos percentuais. Os índices negativos (ruim/péssimo) cresceram nove pontos. A avaliação regular, por sua vez, registrou uma queda de quatro pontos.

A alta na avaliação negativa pode ser explicada pela dificuldade da população constatar no seu dia-a-dia uma melhora na economia. Apesar das projeções otimistas dos agentes econômicos sobre o fim da recessão e queda da inflação, o desemprego permanece alto (cerca de 13 milhões de brasileiros estão sem emprego). Com isso, fica prejudicada a percepção de que a situação econômica está melhorando.

Reformas impopulares

Paralelamente a isso, o governo tenta aprovar uma agenda de reformas impopulares (previdenciária, trabalhista, etc), o que também dificulta a construção de uma imagem positiva. Isso sem falar nos efeitos da Operação Lava-Jato, que atinge todo o sistema político e potencializa a avaliação negativa que historicamente a opinião pública tem sobre o envolvimento da classe política com a corrupção.

Aliás, não é por acaso que as discussões da reforma da previdência (26%), a operação Lava-Jato (9%) e a corrupção no governo (5%) foram os três assuntos mais lembrados pelos entrevistados na realização dessa pesquisa. O resgate das contas inativas do FGTS, aposta do governo na agenda positiva, foi lembrado por apenas 2% dos entrevistados.

Nesse conturbado cenário político, também acabou crescendo a desaprovação à forma como Michel Temer governa o país (73%). Apenas 20% aprovam. Em dezembro, o índice negativo era de 64%, enquanto o positivo somava 26%.

Crise de confiança

Já a confiança em Temer é de apenas 17% (na sondagem anterior esse índice somava 23%). E 79% dizem não confiar no presidente (em dezembro do ano passado, o percentual era de 72%).

Outra consequência das dificuldades que a opinião pública encontra para perceber a melhora da economia e a aposta do governo numa agenda impopular é o fato de 79% dos entrevistados considerarem o governo Michel Temer igual ou pior que a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. Apenas 18% entendem que o atual governo é melhor que o anterior.

Embora o índice ótimo/bom de Temer hoje (10%) seja o mesmo de Dilma em março do ano passado (10%), a avaliação negativa (ruim/péssimo) do atual presidente (55%) ainda é bastante inferior ao de sua antecessora (69%).

Como a aposta do governo de recolocar a economia nos trilhos requer a adoção de medidas impopulares como, por exemplo, reformas com elevado custo político, a tendência é que a popularidade de Michel Temer continue baixa.

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