América Latina: da integração à unidade


Na semana passada, 22 chefes de estado e de governo estiveram reunidos em Mitad del Mundo, Equador, para a IV Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), mecanismo criado há quatro anos por influência direta do Brasil, Cuba e Venezuela. A CELAC nasceu primeiramente, para reinserir Havana no sistema interamericano uma vez que o regime castrista não aceita retornar à Organização dos Estados Americanos (OEA), de onde foi expulso em 1962 e readmitida em 2009.

Trata-se de mecanismo que reúne apenas os países latino-americanos e caribenhos, inicialmente, uma estratégia para alijar Estados Unidos e Canadá das relações políticas com a região, mas também de apartar Espanha e Portugal. A CELAC seria o principal mecanismo de consertação política regional sem a presença das grandes potências.

No entanto, o fôlego dado por Raúl Castro, Luis Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez já não é o mesmo. Apesar de ter apenas quatro anos de existência, a CELAC desnuda as dificuldades que os países da região têm em relacionar-se e com isso, aprofundar a integração. Um fórum sem os grandes do hemisfério, mostrou também como os pequenos podem ser ainda menores. Rivalidades, preconceitos e intolerância são alguns dos elementos que freiam a integração tão fortemente defendida e buscada.

Para piorar, a região sofre uma forte retração econômica, em grande medida, por conta da crise no Brasil, responsável por 45% da economia regional. Por conta deste cenário, buscou-se fomentar diálogos extrarregionais como forma de atrair recursos para problemas tão graves quanto urgentes. A região se ressente de conectividade terrestre, aérea, marítima e energética.

A China surgiu no horizonte como o grande “salvador da (s) pátria (s)”. Em 2014, anunciou um aporte de US$ 250 bilhões pelos próximos dez anos. Dinheiro suficiente para transformar a realidade sócio-econômica regional. E tudo isso, sem as “patas do imperialismo norte-americano”. Comemorou-se cedo demais. O dinheiro não veio. Não se sabe se virá. A desaceleração da economia chinesa afeta o mundo todo. Não poderia ser diferente com a América Latina e o Caribe.

Ainda assim, a Venezuela acumula uma dívida com Pequim que já é considerada impagável. O Equador tem tomado tantos empréstimos que 22% de sua dívida externa é apenas com a China. O restante vai recebendo uma coisinha aqui, outra acolá, mas a influência chinesa no quintal de Washington perdeu força significativa.

Por fim, a Cúpula da CELAC deixou claro que se estamos caminhando em direção à integração, ainda estamos muito distantes da unidade. E uma coisa não avança sem a outra. Por isso, a defesa de menos cúpulas e mais resultados. Menos sonhos e mais pragmatismo.

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