O diretor substituto do Departamento de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), José Nilton Vieira, defendeu que a meta de descarbonização de 50% para 2030 será muito difícil de ser atingida pelos setores. As metas para o ano que vem e para 2030 estão previstas no projeto de lei que trata do Mercado de Carbono.
De acordo com Vieria, a meta foi estipulada com base nas emissões de 2005. No entanto, ele argumentou que, seguindo uma redução linear por setor para atingir, o objetivo não é factível na indústria de transportes. Isso porque há o aumento da frota veicular. O diretor disse que a previsão é de que a frota veicular aumente em 4 vezes, quando comparada a 2005.
– Seria necessário usar o biometano em 2030. Porque é o único energético disponível que tem uma pegada de carbono que permitiria atingir aquelas metas. Nem mesmo o etanol e o biodiesel, que têm pegadas de carbono significativamente menores que os combustíveis fósseis, nos permitiriam atingir a meta de 50% na redução das emissões em função de que estaremos com a frota 4 vezes maior em 2030 – explicou o diretor.
Ritmo mais lento na descarbonização
Vieira defendeu os incentivos aos biocombustíveis. Entretanto, disse que o tempo de desenvolvimento da produção e implementação de novas matrizes energéticas precisa ser respeitado.
– Dosar incentivos com outras formas de financiamentos adequados para desenvolver a indústria em um ritmo que atenda a necessidade de todos, mas respeitando o aspecto relevante que esse ritmo pode não ser tão rápido como a gente gostaria – afirmou José.
As falas ocorreram, nesta quinta-feira (25), na audiência pública do Senado, que debatia o PL dos Combustíveis do Futuro.
Consumo de biocombustíveis
Ele também frisou que um dado importante a ser considerado é o de consumo de biocombustíveis em relação à sua produção. Vieira disse que, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, a produção de biocombustível corresponde a 3% do consumo de combustíveis. Ou seja, para que as energias renováveis representem 10% de consumo de combustíveis, seria necessário triplicar a produção.