A falta de clareza do presidente Jair Bolsonaro sobre a adesão ou não à pauta econômica de Paulo Guedes motivou comentários do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) nesta sexta-feira (6). Segundo Maia, o plano de reeleição de Bolsonaro pode acabar comprometendo o andamento das reformas.
“Como não sou governo, do ponto de vista político, talvez fosse positivo não enfrentar (as pautas polêmicas) olhando para 2022. Mas o Brasil paga essa conta antes de chegar em 2022. Não será esse o caminho que vou defender”, avaliou o parlamentar em evento do banco Itaú.
Maia não poupou elogios a Paulo Guedes e destacou que a falta de aderência de Bolsonaro à pauta econômica é preocupante.
“Não sei se teremos céu de brigadeiro ou com muita turbulência. Hoje, eu acho que teremos mais turbulência porque o governo não é só a equipe econômica e não sabemos qual vai ser a posição do governo em questões muito difíceis e polêmicas que estão incluídas na PEC Emergencial e outras que precisam ser incluídas no relatório do senador Márcio Bittar”, disse. “Infelizmente, há outros membros do governo que não pensam como o ministro da Economia em relação ao teto de gastos”, concluiu.
De acordo com Maia, os próximos 6 meses serão decisivos para definir qual será a força de Bolsonaro em 2022. Para ele, medidas econômicas de contenção de gastos, apesar de impopulares, darão fôlego ao governo no longo prazo.
“Todas políticas dentro do teto (de gastos) são populares. Fora do teto são populistas. Aí é uma decisão que o governo vai ter que tomar. O governo vai liderar processo”, pontua.
Sucessor também deve respeitar teto de gastos
No evento, Maia também falou sobre a sucessão à presidência da Câmara dos Deputados. Segundo ele, todos os candidatos viáveis são adeptos à pauta de defesa do Teto de Gastos. Levantamento feito pelo Brasilianista em agosto mostra que, ao menos publicamente, todos os parlamentares mais cotados defendem o teto de gastos.
“Nenhum candidato a presidente da Câmara que não defenda agenda liberal na economia tem chance de sair vitorioso no Plenário da Câmara”, disse.
Já na pauta tributária, Maia vê chance de que uma possível prejudique o avanço. “Tenho medo que a reforma tributária não consiga avançar, porque está muito carimbada como minha. Isso é uma grande besteira. No final, o grande beneficiado é o País e o governo”, pontua.