O movimento do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, na região da Guiana conhecida como Essequibo traz desafios para o presidente Lula (PT). Na semana passada, após vencer o plebiscito que decidiu pela anexação desse território da Guiana, Maduro divulgou um novo mapa da Venezuela que inclui Essequibo como território venezuelano.
A ação de Maduro sobre a Guiana aumenta a instabilidade na região. Além de os Estados Unidos terem anunciado o início de exercícios militares na Guiana, o episódio exige um posicionamento do governo brasileiro. Paralelamente, Maduro realizou uma viagem a Rússia, dobrando a aposta no conflito.
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Lula, por enquanto, opta pela neutralidade. Na reunião de Cúpula do Mercosul, ocorrida no Rio de Janeiro na quinta-feira (7), Lula afirmou que não deseja uma guerra na América do Sul.
Essa nova tensão na região traz incômodo para Lula, que, desde o início de seu terceiro governo, tem procurado uma solução para a crise venezuelana. Um dos pontos articulados envolve a construção de um acordo entre o regime de Maduro e a oposição, em favor de eleições presidenciais livres no país.
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Contudo, todos esses movimentos passam a ficar comprometidos a partir de agora. Dependendo do avanço do tensionamento entre Venezuela e Guiana, Lula poderá ter de adotar um posicionamento. A questão venezuelana também é uma pauta desgastante para o campo de esquerda porque o bolsonarismo foi eficiente em associar o regime de Maduro ao PT.
Afora isso, a relação com a Argentina também pressiona a política externa brasileira. No último domingo (10), Javier Milei tomou posse como presidente no país e Lula não compareceu. O enviado foi o chanceler Mauro Vieira. Presente na posse, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) emitiu sinais de que apostará no governo Milei como um contraponto a Lula.
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Com Milei comandando a Argentina, poderão ocorrer obstáculos ao avanço do Mercosul. O principal deles envolve a conclusão do acordo entre o bloco e a União Europeia. Maior aposta de Lula neste primeiro ano de governo, a política externa apresenta desafios importantes ao Brasil na região em que o país é mais influente