Recém-empossado como líder do Partido Progressista (PP), o deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ) detalha como será o apoio do partido às pautas de interesse do Governo Federal no Congresso Nacional. Em entrevista à Arko, o parlamentar afirma que o partido está dividido entre aliados e oposição ao governo, mas garante votação favorável em matérias de interesse econômico e fiscal.
No primeiro semestre do ano, o Governo Lula enfrentou resistência para aprovar medidas no Congresso. Para obter mais apoio nas Casas Legislativas, no início deste mês, o presidente Lula oficializou a reforma ministerial com o anúncio de Silvio Costa Filho (Rep-PE) para o Ministério de Portos e Aeroportos e André Fufuca (PP-MA) para o Ministério do Esporte.
A nomeação de Fufuca, ex-líder do PP, abriu espaço para a indicação de uma nova liderança. Com isso, Luizinho foi exonerado do cargo de secretário de Estado de Saúde do Rio de Janeiro para retornar à Câmara. A escolha contou com articulação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e recebeu a aprovação do presidente do PP, Ciro Nogueira. Segundo o Dr. Luizinho, seu nome traz união entre os parlamentares do grupo.
Apesar da participação do PP no primeiro escalão do governo, há ainda desconfiança sobre o compromisso dos 49 deputados do PP em votar considerando o acordo costurado. O parlamentar mostrou confiança no comando do partido em medidas arrecadatórias e econômicas, mas defende que projetos da agenda de costumes não devem ser endossados.
Confira a entrevista abaixo:
Até cerca de uma semana atrás, o senhor era secretário de Saúde no Rio. O que o fez decidir voltar à Câmara?
O presidente [do PP], Ciro Nogueira, na saída do líder André Fufuca [atual ministro do Esporte], e o presidente [da Câmara], Arthur Lira, precisavam de um nome para equilibrar o partido, que está dividido. Uma parte apoia o governo, outra é independente ou oposição. De alguma maneira o meu nome acabava unindo a todos. O trabalho será árduo. Minha missão é conversar com todos, entender o que é prioritário para cada um, além de imprimir como líder um pouco do que eu mesmo acredito como parlamentar. Quero que nossos deputados cheguem ao plenário com conhecimento pleno da posição do partido. Acho que temos votado muita coisa em urgência.
Com o partido dividido, pode haver indisposição com certas pautas do governo?
Ainda não temos uma definição clara. Acho que se houver pauta de costume pode haver indisposição. Já nas pautas de interesse do país, não acredito que haverá embate. Claro que cada um tem sua origem, seu setor. Ainda assim, as ideias convergem. E não acho que o governo vá fazer, não vi ele fazendo até agora, algum tipo de proposta que tenha tido grande dificuldade do ponto de vista da governabilidade. Temos deputados claramente de oposição e se a pauta for do interesse do Brasil até eles votarão com o governo. Obviamente, algumas pautas têm dificuldade mesmo entre os governistas.
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Os projetos sobre JCP, taxação de offshores e fundos exclusivos devem ter apoio do PP? Pode ter uma parte do partido votando contra por oposição?
Pode ter alguém votando contra por oposição, pode ter alguém votando contra porque isso mexe com o status quo, com aquelas pessoas com maior força de movimentar a estrutura. Tudo isso vai gerar pressão, obviamente. Por isso acho importante que tenhamos posições claras. Mas acabamos de votar o PL dos Bets. Nessa votação, foram incluídos os cassinos on-line. Mesmo quem era contra o jogo votou a favor porque precisamos de arrecadação. Ninguém votou contra pensando que a arrecadação poderia favorecer o governo. Eu acho que é algo que deve se repetir nos outros projetos do tipo.
Por Daniel Marques Vieira e Melissa Fernandez