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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Nos bastidores do Congresso o clima de otimismo em torno da melhora no cenário econômico tem dado lugar ao ceticismo. Com isso, cresceu a convicção de que a meta, estabelecida pela equipe do ministro Fernando Haddad, não será cumprida. A promessa de zerar o déficit fiscal em 2024 é tida como improvável diante da ineficiência em otimizar os gastos e aumentar a arrecadação. Portanto, a dúvida agora não é se, mas quando a meta será revisada. A avaliação é quase unânime entre os parlamentares ouvidos pela Arko.

Haddad bem que tem tentado perseguir o objetivo de manter o equilíbrio das contas públicas e igualar receitas e despesas, a fim de evitar uma piora nesse cenário e a alteração da meta. No entanto, o pacote bilionário de medidas arrecadatórias é considerado incerto, uma vez que não depende somente da aprovação do Parlamento, mas também da expectativa de a arrecadação corresponder à previsão calculada pela equipe econômica.

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O relator do marco fiscal na Câmara, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), teme a revisão da meta, o que pode ocorrer através da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Ele avalia que a suposta alteração, além de abalar a credibilidade do governo perante o mercado, representaria uma manobra para que o Executivo não sofresse as sanções previstas no marco fiscal em caso de descumprimento da meta. Isso significa que, se houver revisão, o governo não estaria, por exemplo, obrigado a contingenciar investimentos, conforme manda a lei. No entanto, o próprio relator do texto, deputado Danilo Forte (União-CE), defendeu a possibilidade de se usar o texto para alterar a meta.

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Fora isso, há dois vetos ao novo marco fiscal que, na visão de especialistas, fragilizam a lei. Tais vetos ainda precisam ser analisados pelo Congresso, o que não tem data para acontecer. Se os parlamentares mantiverem a lógica da austeridade, ao menos um deles deve ser derrubado, aquele que se refere à proibição de que a LDO exclua despesas primárias da meta de resultado primário dos orçamentos fiscal e da seguridade social.

Além disso, quem é contra mudanças na meta fiscal acredita que a LDO só será votada após a última ata do Copom, em novembro. Seria mais uma forma de ajustar o Orçamento à realidade imposta.

Autor

  • Rachel Vargas

    Editora-chefe na Arko Advice, desde fevereiro de 2022. Antes, atuou como repórter de política na CNN Brasil. Foi correspondente internacional em Nova Iorque pela Record TV. Atua em redação há 18 anos.