Na sexta-feira (18), com a adesão de partidos de esquerda, Rodrigo Maia (DEM-RJ) anunciou a criação de um bloco parlamentar que contabiliza nominalmente mais de 280 deputados. O grupo, que já reunia PSL, MDB, PSDB, DEM, Cidadania e PV, passou a contar também com PT, PSB, PDT, PCdoB e Rede.
Com o anúncio, Maia conseguiu juntar, ao menos no papel, mais que a maioria absoluta da Casa (257), o que pode fazer com que a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados seja definida em primeiro.
Ainda assim, não se pode antecipar a vitória do candidato a ser apoiado por Maia. Além do longo tempo até as eleições, que só ocorrerão em fevereiro, há de se considerar as dissidências dentro do grupo. Como o voto é secreto, muitas traições podem ocorrer.
No grupo de Rodrigo Maia, por exemplo, há contrariedades dentro de seu próprio partido. Há deputados que não desejam marchar contra o governo e tendem a apoiar a candidatura de Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão e candidato apadrinhado pelo Palácio do Planalto. Arthur Maia (BA), Pedro Lupion (PR) e Elmar Nascimento (BA) são nomes que não escondem a insatisfação com a condução de Maia nesse processo.
Outro exemplo claro é o PSL, onde mais de metade da bancada de 53 deputados é bolsonarista e deve votar no candidato indicado pelo governo. Comenta-se, inclusive, que o partido pode aderir integralmente à candidatura de Lira. Na esquerda também há rumores de que alguns deputados não devem respeitar a decisão dos diretórios nacionais. Deputados de outros partidos do bloco podem aderir ao pragmatismo de se aliar ao governo para garantir liberação de emendas e outros benefícios.
A candidatura de Lira também não está imune a esse risco. Há bastante munição guardada contra ele a ser disparada até fevereiro. A mídia pode impulsionar eventual desgaste do líder do centrão.
Dessa forma, as projeções iniciais ainda não podem antecipar o resultado, pois ainda há bastante tempo de campanha e articulações. Nesse sentido, a cobertura da imprensa e o envolvimento do governo na disputa terão influência no desenrolar do processo. O nível de dissidências em ambos os grupos será determinante para o desfecho do pleito.
Vale dizer que candidaturas podem ser registradas e retiradas até horas antes da eleição.