Em entrevista à Veja, Guedes defende união para “transformar crise em reformas”

Foto: Aloisio Mauricio/Fotoarena

Em entrevista exclusiva concedida à revista Veja desta semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, pede a união dos poderes Executivo e Legislativo, além do apoio da iniciativa privada, para impedir a desaceleração do país.

Para Guedes, somente o avanço das reformas estruturantes pode evitar que o Brasil perca a pouca tração conquistada em 2019.

Veja abaixo os pontos principais da entrevista de Guedes:

A situação do Brasil perante a crise do coronavírus: “O mundo está em desaceleração sincronizada e o Brasil em plena decolagem. O coronavírus freia ainda mais o mundo e começa a nos ameaçar também. Acredito que temos impulsão suficiente para superar isso, pois estamos num ritmo de crescimento. Agora, o que temos de fazer? Precisamos transformar a crise em reformas. Somente elas serão capazes de trazer investimentos, crescimento e gerar empregos*.

Respostas imediatas à crise: Para Guedes, não há como responder de forma imediata à crise. “É por isso que a gente precisa das reformas, para nos dar espaço fiscal. Se promovermos as reformas, abriremos espaço para um ataque direto ao coronavírus. Com 3 bilhões, 4 bilhões ou 5 bilhões de reais a gente aniquila o coronavírus. Porque já existe bastante verba na saúde, o que precisaríamos seria de um extra. Mas sem espaço fiscal não dá. Veja bem: o que aconteceu com o Brasil no ano passado quando não tinha reforma nenhuma? Cresceu 1%. E o que aconteceu no ano anterior? Cresceu 1%. E no ano anterior? Cresceu 1%. Neste ano, com o coronavírus, vai ser ainda mais difícil crescer 1% se não fizermos as reformas”, afirmou o ministro.

Andamento das reformas: Na avaliação do ministro da Economia, “cada um precisa fazer a sua parte. O Executivo mandar logo as reformas administrativa e tributária. Pelo lado do Congresso, precisam desentupir o que estão sentados em cima, que é o novo marco regulatório do saneamento, o da energia elétrica, o da infraestrutura.”

Segundo Paulo Guedes, “tínhamos 48 propostas lá dentro — está tudo lá. Agora é a hora de cobrarmos uns aos outros, no bom sentido. Sei que o Congresso é reformista. Então, acelere o ritmo. Precisamos acelerar a tramitação das nossas reformas para escapar desse buraco negro que a economia mundial está armando. Caso contrário, não teremos velocidade de fuga”.

Rusgas com o Congresso: De acordo com Guedes, “temos um problema de comunicação. Não estamos falando a mesma língua. A entrada do orçamento impositivo, por exemplo, causou um enorme atrito, um enorme mal-estar. O Congresso está querendo reassumir as prerrogativas de controle dos orçamentos públicos, o que numa democracia, numa República Federativa, é desejável. Por outro lado, o sistema é presidencialista. Caso se retirem os carimbos dos recursos, desvinculem-se os fundos, surge um espaço para a ação política. Agora, se, em vez disso, um poder avançar sobre os recursos do outro poder, aí começará um desentendimento. Temos de nos unir. Precisamos proteger o Brasil”.

Como o Brasil sairá de desta crise: O ministro afirmou que “precisamos nos unir e atacar totalmente o problema. Se aprofundarmos as reformas, o Brasil poderá crescer 2% neste ano. Além disso, a arrecadação subirá e sobrarão recursos para todos. Haverá espaço fiscal para o ano que vem, e o governo federal poderá repetir a execução orçamentária de 2019, que foi de quase 100 bilhões de reais. Se nós não cooperarmos e não fizermos o que cada um precisa fazer, estaremos numa situação de contingenciamento total. Foi nesse sentido que disse que temos quinze semanas para mudar o Brasil, porque essas quinze semanas são o tempo que falta para o próximo recesso parlamentar. Aí vai faltar aquela velocidade, aquela impulsão para escapar dessa desaceleração mundial”.

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