Quando a corrida pela presidência da Câmara teve início, tudo indicava que o Democratas estaria ao lado de Baleia Rossi (MDB-SP), puxado pelo apoio do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Mas com a aproximação do pleito, o partido foi um daqueles que protagonizaram uma debandada em direção a Arthur Lira (PP-AL).
“Nós vamos apresentar a lista apoiando Arthur Lira, até mesmo para possamos compor a mesa, o que não seria possível mesmo se Baleia ganhasse as eleições – com ele teríamos no máximo uma suplência. Estrategicamente, seria um movimento ruim”, explica o deputado Luis Miranda (DEM-DF), em entrevista à Arko Advice.
Pauta sincronizada com o Senado
Luis Miranda acompanhou, do início ao fim, a campanha de Arthur Lira à presidência da Câmara. Na avaliação dele, o cenário ideal para que as duas Casas do Congresso atuem em harmonia é a vitória do progressista na Câmara e de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) no Senado. “A agenda de Pacheco, hoje, é muito parecida com a que temos para a Câmara dos Deputados. Vai ser a união perfeita para que o Executivo tenha tranquilidade de aprovar as reformas necessárias”, defende.
Segundo ele, os dois candidatos já começaram a articular conjuntamente a agenda do primeiro semestre no Congresso. “Lira prometeu para mim e para outros deputados que está articulando para que a primeira pauta tratada no Senado seja a PEC Emergencial e, paralelamente, na Câmara, começaria a rodar a Reforma Administrativa”, explica.
Confira a entrevista completa:
Como os deputados do DEM devem votar na segunda? O que gerou a divisão dentro do partido?
Dep. Luis Miranda: Na verdade, o Democratas não apresentou o bloco dele, tampouco fez reunião para definir quem iríamos apoiar. Não existe ainda o encaminhamento das assinaturas dos deputados para apoiar Baleia. Não teriam nem 6 assinaturas. Temos mais de 20 deputados que já declararam voto a Arthur Lira dentro da nossa bancada – nós temos mais de dois terços dos votos. Nós vamos apresentar a lista apoiando Arthur Lira, até mesmo para possamos compor a mesa, o que não seria possível mesmo se Baleia ganhasse as eleições – com ele teríamos no máximo uma suplência. Estrategicamente, seria um movimento ruim.
O senhor tem sido citado como uma alternativa a Aguinaldo Ribeiro na relatoria da reforma tributária. Acha que essa troca pode se concretizar?
Fico muito feliz de ser reconhecido pelos colegas, mas essa decisão caberá ao futuro presidente da Câmara, que tem que analisar se o fato de não terem apresentado o relatório até agora foi uma estratégia para minar o desenvolvimento do país. Permanecer o relator que se encontra no momento, seja por mim ou por qualquer outro, seria bom para a Câmara dos Deputados e para o Brasil. Se ele não apresentou até agora, não encarou com a devida seriedade não vai diferença daqui pra frente. Essa troca seria importante, mas não acho que meu nome seja o principal. De qualquer forma, me coloquei à disposição para colaborar.
No Senado, o candidato mais cotado é do DEM. Como o senhor, que tem acompanhado a campanha de Lira, avalia que será a relação entre Lira e Pacheco, caso sejam eleitos? Quais as convergências e divergências?
Seria o melhor dos mundos se tivermos Lira na Câmara e Pacheco no Senado. Pacheco acredita nos mesmos princípios de Lira – acredita nas votações que podem gerar crescimento econômico. A agenda de Pacheco, hoje, é muito parecida com a que temos para a Câmara dos Deputados. Vai ser a união perfeita para que o Executivo tenha tranquilidade de aprovar as reformas necessárias.
Há uma pressão política pela prorrogação do auxílio emergencial. O senhor acha viável? De onde viriam os recursos?
Não poderemos nos furtar desse debate, tendo em vista que muitas famílias estão passando necessidade, não conseguem emprego. O retorno do lockdown mostra que a vacina tem que ser prioridade. Precisamos acabar com o vírus no nosso país para que possamos estar preocupados não com o Auxílio Emergencial mas sim com a geração de empregos. Mas vamos ter que, de alguma forma, ajudar essas pessoas, para que a extrema pobreza cresça. Mas, claro, precisamos discutir com a Economia, com o Palácio, com os outros deputados, e aprovar o texto possível.
A flexibilização do teto de gastos é uma possibilidade?
Para tratarmos de uma possível flexibilização do teto de gastos, seria necessário instalar logo a CMO, para termos uma visão “macro” do orçamento para 2021. Lira já entrou em contato com Pacheco para instalar a CMO logo no dia 2. Mas sempre fica a preocupação com a responsabilidade fiscal e os mercados financeiros. Temos que ter cuidado para não causar um efeito colateral pior do que o próprio remédio.
Qual a expectativa de andamento da pauta de reformas neste semestre?
Lira prometeu para mim e para outros deputados que está articulando para que a primeira pauta tratada no Senado seja a PEC Emergencial e, paralelamente, na Câmara, começaria a rodar a Reforma Administrativa. Ele é uma pessoa que cumpre o que promete. Logo em seguida, uma Casa analisa o que passou na outra. Na sequência, entramos na Reforma Tributária.
O Senado aprovou no ano passado a autonomia do Banco Central. O senhor acredita que entrará em votação na Câmara neste semestre?
A autonomia do BC é ponto pacificado entre os deputados. Nós certamente não teremos dificuldade em aprovar. O debate vai ser de dois ou três dias, no máximo. Não tenho dúvidas de que temos um ambiente favorável para aprovar no primeiro semestre.