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Comissão solicita investigação sobre possível cartel em leilão do arroz

Pedido ao Cade ocorre após cancelamento de compra pelo governo

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A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados solicitou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que investigue suspeitas de cartel no leilão do arroz importado. A medida foi aprovada por unanimidade e menciona “indícios robustos da prática”, conforme afirmaram o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) e outros parlamentares.

leilão do arroz

O governo cancelou o leilão para importar arroz devido a suspeitas de fraude – Foto: Design by Freepik

Na semana passada, o governo federal cancelou a compra de 263,3 mil toneladas de arroz importado, alegando que as quatro empresas vendedoras do leilão não comprovaram capacidade técnica. Atualmente, o governo planeja realizar um novo leilão, mas em condições diferentes.

“O valor de abertura era de R$ 5 por quilo, e quase todos os lotes foram vendidos a R$ 5”, destacou van Hattem. “São altos os indícios de que houve acerto entre os participantes, e, pior, participantes que não têm tradição nesse tipo de negócio.”

Debates à cerca da necessidade do leilão

leilão do arroz

Comissão reunida nessa terça-feira (18) – Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

Após a aprovação do requerimento ao Cade, a comissão debateu a necessidade de importar arroz devido às enchentes no Rio Grande do Sul, estado que representa cerca de 70% da produção nacional do grão. As enchentes afetaram lavouras e a logística de distribuição, levando o governo a facilitar a importação para estabilizar os preços ao consumidor.

“É triste, mas tem gente querendo ganhar dinheiro a custa da tragédia”, afirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Ele defendeu a importação como medida temporária para proteger os consumidores e garantir o abastecimento.

Contudo, Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), negou risco de desabastecimento ou de alta expressiva nos preços. Ele apontou que os estoques de arroz devem crescer 22%, para 2,2 milhões de toneladas. “Em maio, o arroz subiu 1,47% pelo IPCA (inflação), enquanto a batata inglesa aumentou 20,61%; a cebola, quase 8%; e a cenoura, mais de 6%. Ninguém falou ainda em importar batata, cebola ou cenoura”, criticou da Luz.

Ex-secretário afastado defende importação

Neri Geller – Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados

No debate, o ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, Neri Geller, defendeu a importação de arroz e negou irregularidades no leilão. Ele afirmou que a importação não prejudicará os produtores e destacou a necessidade de alavancar a produção nacional.

“O momento é de cautela e bola no chão. Houve, na minha opinião, um equívoco nessa importação de arroz, mas discordo que prejudicará os produtores. A gente importa e exporta, deveríamos é alavancar a produção”, avaliou Geller.

Geller, que deixou o ministério após o cancelamento do leilão, disse: “Jamais sairia pela porta dos fundos, minha consciência não permite, mas eu não caio atirando, caio colocando os fatos como ocorreram”.

Os deputados Coronel Meira (PL-PE) e Tião Medeiros (PP-PR) solicitaram o debate. A comissão ouvirá o ministro Carlos Fávaro nesta quarta-feira (18) sobre o assunto, a pedido dos deputados Marcos Pollon (PL-MS), Afonso Hamm (PP-RS) e José Medeiros (PL-MT).

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