Após o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, declarar que “não há comparação” entre o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), indicando que Lula tem prestígio e Bolsonaro carisma, o ex presidente reagiu e falou em “implosão” da legenda.
As divergências entre Valdemar e Bolsonaro podem ser explicadas por uma disputa entre o PL mais pragmático e o PL bolsonarista em torno da definição de candidatos a prefeito. Em São Paulo, por exemplo, Valdemar possui uma aliança encaminhada com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), enquanto o ex-presidente tem certa preferência pelo deputado federal Ricardo Salles (PL).
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Outro aspecto a ser considerado é que Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro construíram uma aliança de dependência mútua, mas não imune a atritos. Se, por um lado, foi o bolsonarismo que alavancou o PL à condição de “grande partido”, possibilitando a eleição da maior bancada de deputados federais nas eleições de 2022; de outro, Bolsonaro e seu entorno dependem da estrutura partidária, financeira e do tempo de TV da sigla.
Também vale registrar que Valdemar e Bolsonaro são lideranças políticas com personalidades bastante distintas. Valdemar é um político tradicional, adepto de soluções negociadas. Já o ex-presidente representa o antiestablishment. Não por acaso está no seu oitavo partido político.
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Nas eleições municipais, para atingir o objetivo de eleger cerca de mil prefeitos no país, Valdemar necessita do prestígio – e sobretudo dos votos – do bolsonarismo. Bolsonaro, por sua vez, para eleger aliados, precisa da estrutura do PL.
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Assim, apesar de tais divergências, o casamento de Jair Bolsonaro com o PL, ao contrário do que ocorreu na relação do ex-presidente com o PSL em 2019, não deverá se romper. No entanto, divergências continuarão existindo. Vale lembrar que Valdemar necessita manter o partido unido, e cerca de 30 deputados do PL têm votado com o Palácio do Planalto. Enquanto isso, Bolsonaro precisa do embate permanente com o presidente Lula para mobilizar sua base.