Na cerimônia de assinatura do contrato de concessão para o grupo Rumo do trecho que liga Porto Nacional (TO) e Estrela D’Oeste (SP), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a Ferrovia Norte-Sul não é obra para empreiteiros, e sim para empreendedores. Eles e referia ao fato de o leilão da ferrovia ter sido vencido, no fim de março, por um grupo que já atuava no segmento e tinha interesse em ampliar seus negócios na área.
O governo busca formas de atrair novos players para concessões no transporte, quebrando o paradigma de que o setor abarcaria apenas grandes construtoras. As investigações no âmbito da Operação Lava-Jato abriram caminho para grupos menores com atuação no país e para operadores internacionais, como visto no último leilão de aeroportos regionais, em 15 de março.
Ligada ao grupo Cosan, a Rumo venceu o leilão da Norte-Sul pagando R$ 2,7 bilhões (100,9% acima do preço mínimo exigido) para operar 1.537 quilômetros da ferrovia por 30 anos. A Rumo é hoje a maior operadora do país no segmento. Com o novo trecho, passará a operar 14 mil quilômetros de trilhos em São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Tocantins. Sua base de ativos é formada por mais de mil locomotivas e 28 mil vagões.
A malha existente no Sul não mantém o mesmo grau de utilização dos trilhos, mas o trajeto agora concedido se conectará a outras ferrovias já operadas pela empresa que cortam o estado paulista até o porto de Santos. A expectativa da concessionária é que o trecho comece a operar até o fim deste ano. Antes disso, será necessário concluir o tramo sul, que interliga Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Pelas regras contratuais, a Rumo tem até o fim de 2021 para concluir as obras e iniciar as operações.
A diretoria da empresa explicou que está sendo negociada com a VLI, subsidiária da Vale, a garantia do direito de passagem em sua malha. A VLI detém, desde 2008, a concessão do trecho da Norte-Sul entre Porto Nacional e Açailândia (MA). Dessa forma, os trens da Rumo poderiam pegar carga nesse trecho e os da VLI chegar a Santos. Segundo a Rumo, a ferrovia não vai desviar cargas dos caminhoneiros, o que mudará é a logística. Os caminhões farão percursos menores, desde o recebimento da carga até o ponto de embarque nos trens.