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Coronavírus no Brasil

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) aumentou, na sexta-feira passada (28), a avaliação de risco de contágio e de impacto do coronavírus, em nível global, de “alto” para “muito alto”, igualando a classificação mundial à da China. No entanto, a entidade não declarou o surto uma pandemia.

A atuação de vários órgãos no Brasil diante da chegada do coronavírus ao país, como Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Ministério da Defesa, e, em especial, a postura do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, têm sido bastante elogiadas por especialistas, imprensa e órgãos internacionais.

A retirada de brasileiros da região de Wuhan, na China, epicentro da doença, foi considerada um sucesso. Entrevistas coletivas com orientações e com o objetivo de acalmar a população têm sido frequentes.

A campanha nacional de vacinação contra a gripe, marcada para 13 de abril, começará em 23 de março. Embora a gripe seja causada por um vírus diferente (Influenza, H1N1), a antecipação da campanha visa evitar o aumento de doenças respiratórias e sua consequente sobrecarga no sistema de saúde.

Ainda assim, há muitos desafios pela frente. O Ministério da Saúde estima que o número de pessoas suspeitas de estarem com a doença no Brasil pode estar perto de 300, embora haja apenas dois casos confirmados até agora. Considerando a rapidez com que o vírus se alastra, nas próximas semanas o país pode enfrentar um pico de novos casos, fazendo crescer a demanda por atendimento em hospitais públicos. E aí será preciso ver como o governo reagirá.

Pelo lado econômico, os impactos já estão acontecendo e a dúvida é se a intensidade pode aumentar. O Bank of America Merrill Lynch cortou a projeção do PIB do Brasil para este ano de 2,2% para 1,9%, por conta dos efeitos da disseminação do vírus. O Ministério da Economia, cuja projeção atual para o PIB é de 2,4%, também deve rever sua estimativa esta semana.

A menor produtividade da China em função do coronavírus – a estimativa de crescimento do país foi reduzida de 6% para 4,5% – afeta as exportações brasileiras. Vale ressaltar que o governo brasileiro aposta em privatizações e concessões. Com a economia global crescendo menos, investimentos podem ser adiados.

Atividades importantes no Brasil, como turismo, também devem sofrer com a epidemia.

A recuperação mais lenta da economia afeta ainda a do mercado de trabalho, que também tem sido lenta. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego atingiu 11,2% no trimestre encerrado em janeiro. Em relação ao trimestre encerrado em janeiro de 2019, quando a taxa foi de 12%, houve queda de 0,8 ponto percentual. Já em relação ao trimestre encerrado em outubro, o recuo foi de 0,4 ponto percentual.

O dólar chegou a superar R$ 4,50, o que tem obrigado o Banco Central a fazer intervenções para conter a alta da moeda americana. A Bolsa tem registrado quedas expressivas e o valor de empresas brasileiras caiu bilhões de reais, caso das exportadoras de commodities, que perderam em torno de R$ 47 bilhões em valor de mercado.

Internamente, a equipe econômica já sofre forte pressão política por conta dos resultados modestos quanto ao PIB e à criação de empregos. Os efeitos da epidemia podem aumentar essa cobrança. Pelo seu lado, o Ministério da Economia tem defendido a aprovação das reformas em tramitação no Congresso Nacional como forma de reduzir os impactos negativos da doença na economia brasileira.

O fato é que o coronavírus deve afetar pouco o humor do Legislativo quanto à aprovação das reformas. Pesquisa feita pela Arko Advice com 106 deputados federais (entre 4 e 13 de fevereiro) apontava que apenas 9,43% acreditavam que o impacto na economia brasileira seria intenso ou muito intenso. Já 50% avaliavam que seria baixo ou nenhum. Para 36,79%, seria médio.

De qualquer forma, o compromisso do Legislativo com a pauta econômica continua existindo. A aprovação das reformas dependerá muito mais de fatores internos, como o engajamento de lideranças políticas, o relacionamento entre o Executivo e o Legislativo, as eleições municipais e a complexidade das próprias matérias em debate.

Nesse sentido, as tensões recentes entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso Nacional têm gerado mais preocupação entre os agentes econômicos. Houve forte reação dos Poderes Judiciário e Legislativo diante da notícia de que Bolsonaro teria compartilhado um vídeo com aliados próximos que incentiva o comparecimento da população nas manifestações pró-governo agendadas para o dia 15 deste mês.

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