Pé-de-Meia: secretário da Fazenda afirma que a política tem taxa de retorno elevada

O Secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, detalhou os ganhos que o país pode ter com a poupança estudantil do governo, o Pé-de-Meia. Segundo o secretário, estudos da Fazenda apontam que a cada R$1 gasto com a poupança haverá um retorno de R$7 reais para o país. Ele publicou um artigo no portal Folha de São Paulo, onde explicou o porquê da importância da política por meio de índices econômicos.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Entre os motivos que sustentam o Pé-de-Meia, estão o combate à pobreza e à evasão a escolar. De acordo com dados do IBGE, 40% das crianças e adolescentes do Brasil são de famílias pobres. Ou seja, a cada 10 crianças, 4 vivem em situação de pobreza. Pinto reforçou que, sem o apoio do Estado, metade delas completam o ensino médio. Desse modo, 1 a cada 2 jovens abandona os estudos sem terminar a sua formação acadêmica básica.

Além disso, os jovens possuem poucas chances de mudar de classe social, uma vez que não concluem o ensino médio.

– Sem igualdade de oportunidades na infância e na adolescência, a mobilidade social se torna um mito. – escreveu o secretário, ao citar estudo de Diogo Britto e outros pesquisadores. Tal estudo aponta que: as chances de uma criança nascida em família pobre migrar para a metade mais rica da população são inferiores a 30%. Para os 20% mais ricos, a probabilidade diminui para 2,5%.

Impacto no PIB 

Para Pinto, as consequências econômicas da evasão escolar são enormes para o país. Ele mostra um estudo dos economistas Ricardo Paes de Barros e Laura Machado, que indica que a evasão escolar gera uma perda de 3% do PIB.  Desse modo, o país perde R$300 bilhões ao ano com a saída de jovens das escolas.

Foto: Daniel Castellano/SMCS

Conforme as palavras do secretário, o Pé-de-Meia busca acabar com esse ciclo viciosos, que “perpetua a pobreza, limita a mobilidade social e gera enormes perdas econômicas para o país”.

Benefícios da poupança estudantil

Marcos Pinto afirmou que a política pública foi desenhada com base em estudos de finanças comportamentais. Tais estudos dizem que, sobretudo entre os mais jovens, as pessoas sentem mais quando perdem algo do que quando deixam de ganhar. Segundo ele, é por isso que o depósito de R$1.000 ocorre anualmente. Desta forma, o aluno não ganha um prêmio quando termina a escola – ele perde uma poupança que já era sua.

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

– Um estudo do economista Vitor Pereira indica que a poupança criada pelo Pé-de-Meia pode reduzir a evasão escolar em um terço. Isso mesmo: o programa pode evitar que 1 em cada 3 jovens deixe a escola – disse o secretário. Sob o mesmo ponto de vista, projetos similares foram realizados em outros países, como Colômbia e Israel, além de estados brasileiros, como no Rio de Janeiro e no Piauí.

Além disso, com a bolsa mensal de R$200 aos alunos pobres do ensino médio, Pinto afirmou que o programa alivia a pobreza para os jovens, logo a faixa etária em que ela mais se concentra.  A política ainda dá possibilidades futuras ao jovem pobre ao terminar o ensino médio, seja financiar uma faculdade ou um negócio, logo no início da vida adulta. De acordo com o Marcos Pinto, a poupança, neste sentido, combate a limitação da mobilidade social.

Pé-de-Meia: investimento de altíssima qualidade

Por fim, o secretário afirmou que o programa custará, ao ano, menos de 0,1% do PIB. Pinto disse ainda que o Brasil gasta cerca de 5% do PIB anualmente com incentivos fiscais, os quais não têm eficácia comprovada. Por outro lado, o Pé-de-Meia é um investimento inteligente e responsável para o futuro do país, segundo as palavras de Marcos Pinto. 

– Seria um grande equívoco encarar o Pé-de-Meia como um simples gasto do governo; na verdade, é um investimento de altíssima qualidade. Poucos projetos, públicos ou privados, têm uma taxa de retorno tão elevada como a poupança criada por ele – finalizou.

 

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