O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou instituições financeiras como o Fundo Monetário Internacional (FMI) durante a instalação da Comissão Nacional para a Coordenação da Presidência do G20, nesta quinta-feira (23). De acordo com Lula, o modelo de governança mundial perpetua a desigualdade no mundo à medida que os financiamentos têm como principal objetivo a quitação de dívidas.
“Não é possível que as instituições Bretton Woods, Banco Mundial, FMI e tantas outras instituições financeiras continuem funcionando como se nada estivesse acontecendo no mundo”, afirmou Lula.
“Nós estamos vendo o que aconteceu na Argentina. Nós estamos vendo o continente africano com US$800 bilhões de dólares de dívida. Se não houver uma rediscussão de como fazer financiamento para os países pobres, a gente não vai ter solução”, falou a ministros, parlamentares e autoridades presentes.
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Para o presidente, a condição de comando do grupo é uma oportunidade para o Brasil exercer sua influência geopolítica no mundo. “É o evento mais importante em que estamos metidos. Eu acho mais importante do ponto de vista político do que uma COP [Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas] do mundo”, classificou Lula.
O Brasil assume a liderança do bloco das 20 principais economias do mundo em 1º de dezembro e segue até 30 de novembro de 2024. Nesse período, a agenda do G20 será decidida e implementada pelo governo do Brasil, com apoio direto da Índia, última ocupante da presidência, e da África do Sul, país que exercerá o mandato em 2025.
Lula destaca os principais temas para o G20
Além de críticas à governança mundial, o presidente Lula destacou o combate à fome e o incentivo à sustentabilidade como outros temas centrais de debate para o G20.
Para isso, o Brasil deve propor dois novos grupos de trabalho interministeriais em busca de soluções: aliança global contra a fome e a pobreza e mobilização global contra a mudança do clima.
Calendário da Comissão
A organização ficará concentrada no Ministério das Relações Exteriores e no Ministério da Fazenda. O governo brasileiro deve se preparar neste final de ano para, a partir de janeiro de 2024, estabelecer diálogo com os outros países membros.
Em janeiro e fevereiro, devem ocorrer reuniões por videoconferência para estruturar os grupos de trabalho. Entre março e junho, as equipes técnicas se reúnem presencialmente para aprofundar os estudos.
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De agosto a outubro, os ministros passam a participar das reuniões. Nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, ocorre a 19ª Cúpula de chefes de Estado e governo do G20, no Rio de Janeiro. Neste ano, o evento foi realizado na Índia.