De acordo com matéria do Estadão, o documentário Cigarro do Crime, de João Wainer, retrata a realidade de como o contrabando de cigarros é prejudicial para o Brasil em alguns aspectos. Em sua maioria, os cigarros contrabandeados vem do Paraguai por organizações criminosas, geralmente ligadas ao tráfico de drogas. Nas regiões de fronteira, o contrabando é naturalizado, diz Wainer.
Segundo o professor Pery Shikida, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, o maior atrativo é a “lucratividade alta com baixo risco”, uma vez que os cigarros são vistos como um contrabando mais “tranquilo”, uma vez que a substância é legalizada. Estima-se que sejam movimentados R$ 10,9 bilhões por ano de maneira ilegal, o que faz com que o Brasil perca aproximadamente R$ 12,2 bilhões anuais de impostos e mais de 27 mil empregos formais.
Atualmente, a cada dez cigarros consumidos no país, seis tem origem ilegal. A maior questão é a carga tributária na indústria tabagista do Brasil e do Paraguai. Aqui, os impostos chegam em pelo menos 70%, podendo chegar a 90%, dependendo do ICMS de cada estado. Já no Paraguai, a tributação é de 18%, uma das menores do mundo. Com isso, os produtos contrabandeados chegam ao consumidor pela metade do preço.
Por fim, as organizações antitabagistas do Brasil resistem fortemente a possibilidade de reequilibrar os impostos cobrados à indústria do tabaco, alegando que abaixar os tributos seria um incentivo ao fumo. No entanto, o presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), Edson Vismona, afirma que a frase “o imposto cresce, o crime agradece” é uma verdade pois, na prática, a alta tributação não impede as pessoas de fumarem, apenas facilita que a maior parte dos consumidores migre para marcas ilegais, por mais da metade do preço.