No mesmo dia da publicação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) que justifica o corte de 0,5% na taxa de juros, o presidente do BC, Campos Neto, alertou para a desaceleração da desinflação no cenário global e os desafios da política monetária no Brasil. Segundo ele, esse ambiente pode segurar a redução dos juros.
O economista afirmou que “muito provavelmente a gente vai ter uma taxa de juros mais alta por mais tempo, mesmo que o processo de desinflação global ocorra, ele tende a ser bastante lento e ele tem muitos desafios.”
Em evento promovido pelo Bradesco nesta terça-feira (7), Campos Neto explicou que teses sobre a desinflação no mundo se mostraram menos efetivas do que o previsto. Entre as suposições que não se confirmaram de acordo com as expectativas, o gestor cita a contração de renda das famílias, a queda de preços de commodities e a redução de valores imobiliários no mundo desenvolvido. Por outro lado, Campos Neto destaca que os custos de empresas estão subindo com o processo de transição verde e de fragmentação do mercado global.
Meta fiscal e taxa de juros
Nessas condições, o presidente do BC considerou correta a decisão de manter a meta de inflação em 3,25% no início do ano. Na época, houve pressão por parte do governo para alterar o valor. Além disso, Campos Neto afirmou que o Brasil é um dos países que fez mais reformas em relação a grande parte dos seus pares e destacou a importância do arcabouço fiscal, mesmo que existam questionamentos quanto à meta fiscal.
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“O mercado não espera que o déficit vai ser zero. Mas é importante perseguir a meta. A gente apoia a iniciativa do ministro Haddad de fazer o máximo de esforço possível”, comentou Campos Neto. “O problema quando você não cumpre a meta é que você vai gerar aquele problema de expectativa pior para frente”, completou.
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