Agrishow: entenda como a polarização Bolsonaro x Lula mudou o evento

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A 29ª edição da Agrishow, a maior feira de agronegócio do país, começou no domingo (28) com a participação exclusiva de autoridades do governo entre os palestrantes. De fora da cerimônia de abertura do evento, o ex-presidente Jair Bolsonaro organizou ato com governadores e parlamentares aliados. Ex-presidente da República vai ao evento nesta segunda-feira (29). 

Tradicionalmente, a cerimônia de inauguração é aberta ao público em geral. No entanto, após desconforto na edição passada com a presença do governo atual e do ex-presidente Bolsonaro, este ano o ato foi restrito às autoridades, aos expositores e à imprensa.

Com sede em Ribeirão Preto (SP), a Agrishow reúne nesta edição 800 expositores e a expectativa de movimentar mais de R$13 bilhões em negócios para o setor.

Agrishow ‘desconvida’ governo em 2023

Anteriormente, no ano passado, a feira causou desconforto ao Planalto quando desconvidou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD), para participar da abertura da Agrishow. Segundo o ministro, os organizadores o aconselharam a ir somente no segundo dia para evitar constrangimentos.

Isso porque a Agrishow foi o primeiro compromisso de Bolsonaro quando voltou dos Estados Unidos, após eleições presidenciais em 2022.  Na época, com a base mobilizada, ao lado do recém-eleito governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos-SP), o ex-presidente afirmou que a agenda do atual governo prejudicaria o agronegócio.

Na ocasião, o ministro Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, ventilou a possibilidade de suspensão do patrocínio do Banco do Brasil à feira. No entanto, o governo manteve o aporte financeiro.  Consequentemente, devido ao impasse, foi necessário cancelar a abertura do evento de 2023. Neste ano, a festa ocorreu excepcionalmente no domingo (28), um dia antes da abertura oficial do evento para o público. 

Fávaro minimiza crise de 2023

Por sua vez, Fávaro reforçou na abertura desta edição que a mudança no convite ao governo no ano passado não foi pessoal. De acordo com o ministro, a razão era o momento político do país no ano passado. 

— E eu compreendi o momento, toda a organização da feira compreendeu também o desencontro. 

O presidente da Agrishow, João Marchesan, afirmou ao G1 que a decisão de alterar a dinâmica da abertura não tem relação com o episódio passado. Segundo ele, a presença de autoridades durante a realização da feira atrapalhava o atendimento ao público geral. 

— Tomamos essa iniciativa de fazer no domingo porque os expositores reclamavam que não tinham a oportunidade de conversar com as autoridades, de estar presente no dia, porque quando abre a feira todo mundo está dentro do seu estande recebendo.

Governo em evento do agro

Por parte do governo, estiveram presentes no domingo o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) acompanhado dos ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD), da Agricultura e Desenvolvimento Familiar, Paulo Teixeira (PT), e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos (PCdoB).

Em sua fala, Alckmin disse que o governo trabalha no melhor Plano Safra para estimular a agricultura.

— Vamos trabalhar com os ministros Fávaro, o Paulo Teixeira e a Luciana Santos para termos o melhor Plano Safra e poder estimular ainda mais o setor. 

Crédito para o agro

No evento, o diretor financeiro e de crédito digital para micro, pequenas e médias empresas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Alexandre Abreu, anunciou uma nova linha de crédito para a agropecuária. A novidade é a possibilidade de realizar operações de Cédulas de Produto Rural Financeira (CPR-F) ou de Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) a partir de direitos creditórios do agronegócio. Com isso, micro,  podem se beneficiar pequenos e médios produtores rurais e cooperativas de produtores com faturamento de até R$ 300 milhões por ano poderão

Para o ministro Carlos Fávaro, a linha de crédito é necessária para evitar inadimplência para os produtores. Isso porque, segundo o ministro, muitas plantações lavouras enfrentaram dificuldades durante a safra atual.

— Essa é uma linha complementar à autorização do Conselho Monetário Nacional, a pedido do presidente Lula, para que todos aqueles que tiveram dificuldade possam prorrogar os seus investimentos ou custeios. E, agora, linha de crédito, para que ele possa ou se recapitalizar ou até pagar alguma dívida privada. 

Na cerimônia de abertura, o presidente da Agrishow parabenizou o governo pelas propostas para o setor. 

— Gostaria de parabenizar a iniciativa do governo brasileiro de lançar o plano Nova Indústria Brasil, que é muito importante para colocar a indústria brasileira no centro do debate do desenvolvimento tecnológico e social. É a neoindustrialização — afirmou João Marchesan. 

Bolsonaro na Agrishow

Apesar do convite para participar apenas das atividades durante a semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro chegou à Ribeirão Preto no domingo (28), dia da cerimônia fechada ao público. Nesse dia, Bolsonaro Bolsonaro realizou uma carreata pelas ruas da cidade paulistana.

Ao seu lado, os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Além dos governadores, estiveram presentes os o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) e os senadores Marcos Pontes (PL-SP) e Jorge Seif (PL-SC).

O ex-presidente participa da feira nesta segunda-feira (29). O governador paulista, ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, exaltou o ex-chefe do Executivo em discurso.

— Se as pessoas estão aqui vestindo verde e amarelo, é porque o Bolsonaro despertou esse sentimento em nós. Hoje ninguém tem vergonha de dizer: Deus, Pátria, família e liberdade. Nós queremos ver o Brasil verde e amarelo. Por isso a gente grita ‘Volta, Bolsonaro!’ — disse Tarcísio no carro de som.

De acordo com o site oficial, a Agrishow acontece desta segunda-feira (29) até sexta-feira (3).