Carlos Eduardo Bellini Borenstein O governo Lula 3 tem o desafio de lidar com novas variáveis, surgidas após as jornadas de 2013, que dificultam a reconstrução do Brasil a partir do modelo lulista que vigorou entre 2003 e 2010. A primeira variável
que desafia o presidente Lula (PT) são as redes sociais. Diferentemente dos governos Lula 1 e 2, a televisão não é
mais o veículo hegemônico. Hoje, seu protagonismo é dividido com as redes sociais, onde há um forte ativismo digital da direita.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
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A segunda variável é a governabilidade. Além da correlação de forças adversa ao governo no Congresso, o Poder Legislativo hoje dispõe de um importante controle sobre o Orçamento. O poder de agenda do presidente foi reduzindo ao longo do tempo, tornando a construção da governabilidade um processo político mais complexo. A terceira variável refere-se aos agentes econômicos. A tolerância com medidas intervencionistas é menor do que no passado. Existe também uma pressão vinda do mercado com a governança corporativa nas empresas públicas. Além disso, diferentemente do passado, o poder político e financeiro do Estado é menor, aumentando a dependência do setor privado. Soma-se a isso a perda de influência da indústria e o aumento de poder do agronegócio.
A quarta variável envolve a popularidade. Mesmo que a avaliação positiva de Lula melhore muito, é improvável que o presidente tenha 80% de aprovação, como em 2010. Com a polarização, a opinião pública tende a continuar dividida, o que significa um capital político menor para Lula para enfrentar as turbulências.
A quinta variável é a oposição. O Brasil tem hoje uma oposição de direita mobilizada, o que não existia nos governos Lula 1 e 2. Ancorados na pauta dos costumes e na força dos evangélicos, setores importantes da sociedade rejeitam o diálogo com Lula e com a esquerda.
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Diante de um Brasil distinto do período 2003-2010, o governo precisa se adaptar, sob pena de continuar enfrentando obstáculos.
