O enredo da política – Análise

O governo Lula vem dando demonstrações de que, como em 2023, a agenda econômica seguirá no auge das prioridades do Planalto. Afinal, o resultado da economia e os seus reflexos na população é que ditarão o rumo das eleições presidenciais em 2026.

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Um exemplo disso ocorreu na semana passada, quando o Executivo não se moveu diante de uma votação que atingiu valores importantes para a esquerda: a “saidinha” de presos. Mesmo que na visão ideológica do partido esse seja um direito a ser preservado, o que se viu no Senado foi um resultado massacrante (62 x 2), com ausência de quase todos os senadores de esquerda, o que reforça a tendência de centro-direita do Congresso e a predileção do Executivo pela agenda econômica. A estratégia observada, e que deve se repetir, caso agendas de costume voltem à pauta, é preservar energia para matérias que, de fato, possam gerar consequências eleitorais, já que em agendas de costume a derrota é praticamente certa.

Também a exemplo do que ocorreu no ano passado, o presidente da República deu sinais de que deve manter o protagonismo na articulação política. Ele passou a atuar como bombeiro das crises, após ver partidos da base contribuírem para a derrubada de trechos do marco do saneamento, em maio de 2023. Na quinta-feira (22), o presidente Lula (PT) se reuniu com líderes da base do governo, ministros de Estado e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e antecipou sua atuação na articulação, ao afirmar que as conversas fora do expediente serão mantidas, o que tende a ajudar no resultado político.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Outra demonstração de que 2024 terá enredo parecido com o de 2023 é a atuação dos dois principais personagens na agenda econômica. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), se manterá à frente das negociações com o Congresso, de modo a tentar fazer avançar a pauta econômica, como fez no ano passado. Na outra ponta estará Arthur Lira, ator fundamental para a conclusão dessa agenda e que inicia o ano com sua força inabalada diante de uma Câmara em polvorosa com a sucessão do deputado alagoano, que deixa a cadeira em fevereiro do ano que vem. A tendência é de que, ainda que ocorram tensionamentos, haja resultados convergentes, à base de muita negociação. Lembremos: o resultado dos próximos meses impactará um futuro breve e caro a cada um deles.

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