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Freio de arrumação do governo – Análise

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De desorganizado a disfuncional. É dessa forma que alguns petistas experimentados avaliam o governo do presidente Lula (PT), que apresenta queda na popularidade e expressivo aumento na avaliação negativa, segundo pesquisas. Para esses aliados, Lula tem errado além da conta. Mas, para acertar, terá de querer mudança, o que implica privilegiar a agenda doméstica em detrimento da internacional e entender que o Lula 3 está inserido em outra realidade: a da polarização.

Lula

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

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Mergulhado na bolha da esquerda, o presidente da República tem feito discursos que inflam sua base de apoio, mas o distanciam dos eleitores de centro, aqueles que decidiram sua eleição. Além disso, falas que comparam a guerra em Israel a Hitler e que exaltam Nicolás Maduro afastam Lula da realidade do Brasil e fortalecem a narrativa da direita, que se
profissionalizou na comunicação digital.

Apegado a receitas do passado, como o Minha Casa Minha Vida e o Programa de Aceleração do Crescimento – pautas meritórias, porém sem efeito imediato –, Lula demonstra um foco diferente daquele do eleitor. Possivelmente, ele acreditou que a pauta macroeconômica aprovada no último ano fosse suficiente para alavancar o governo. As pesquisas mostram que não e jogam luz sobre as principais preocupações do cidadão, longe de serem as mesmas para o governo. Segurança pública e corrupção são algumas delas, mas ambas são pouco exploradas e quando entram em pauta são contaminadas pelo ideologismo. Para piorar, crises fabricadas internamente, como a distribuição dos dividendos da Petrobras – que coloca em lados opostos o presidente da empresa, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira –, reforçam a desorganização e assustam investidores, que temem intervenções indevidas.

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Mesmo com sinais claros, o governo, que preside o país pela terceira vez, foi surpreendido pelos dados negativos, o que reforça a desconexão da realidade. O problema se agrava porque Lula, hoje, se cerca de conselheiros que, na prática, não o aconselham. Relevam todo e qualquer erro, sempre com justificativas. A mudança de rota depende exclusivamente do presidente, que convocou para esta segunda-feira (18) reunião ministerial, na qual todos serão cobrados por mais empenho e entregas. Se o freio de arrumação vai acontecer, só saberemos depois. Mas o presidente já indicou que entendeu o momento crítico pelo qual atravessa.

governoLuis Inácio Lula da Silva

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