Levantamento realizado pela Arko Advice aponta que os governos que conviveram com índices de inflação e desemprego abaixo de dois dígitos conseguiram fazer seu sucessor. Já o PIB, embora seja uma variável importante, isoladamente não é decisiva para o sucesso eleitoral. Conforme podemos observar na tabela a seguir, FHC, em 1998, e Dilma, em 2014, embora contassem com um crescimento do PIB próximo de 0%, foram reeleitos. Isso ocorreu por causa do controle da inflação e do baixo nível de desemprego.
Nas eleições de 1994, mesmo com o IPCA anual superando os 900%, a inflação registrada entre julho e dezembro, quando entrou em vigor o Plano Real, derrubou o IPCA anual para 18,5%. Ainda que esse percentual superasse os dois dígitos, o bem-estar social criado pela nova moeda foi decisivo para alavancar o então candidato FHC, que venceu em primeiro turno. Vale registrar que o presidente Itamar Franco, mesmo com uma inflação alta, entregou um governo com baixo desemprego e um PIB elevado.
Outros governos que viviam situações econômicas similares na época da eleição foram bem-sucedidos eleitoralmente, caso de FHC (1998), Lula (2006 e 2010) e Dilma (2014). FHC, apesar de entregar um baixo crescimento em 1998, foi reeleito por ter conseguido controlar a inflação.
Cenário similar ocorreu com Lula nas eleições de 2006 e 2010, quando o cenário econômico combinava inflação e desemprego controlados e crescimento do PIB. Dilma, em 2014, mesmo com o país apresentando um crescimento praticamente estagnado, foi beneficiada pela inflação, então sob controle, e pelo baixo índice de desemprego.
FHC, em 2002, não conseguiu eleger o tucano José Serra em função da inflação e do desemprego alto. Michel Temer, em 2018, mesmo controlando a inflação, enfrentava alto desemprego e um ambiente político antiestablishment.
Neste momento, os indicadores econômicos mostram dificuldades para a reeleição de Jair Bolsonaro. Considerando as projeções do último boletim Focus, mesmo que a alta da inflação venha a cair com a aprovação do projeto de reforma do ICMS, o desemprego e o baixo crescimento impõem importantes obstáculos para Bolsonaro.