Passaram-se dois anos desde que o PSL, antigo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o DEM se fundiram para se
tornar o União Brasil (UB), uma das principais legendas do país. Com espectro de centro-direita e declarando-se
independente em relação ao governo, o UB tem 59 deputados (terceiro maior da Câmara), sete senadores,
quatro governadores e três ministérios. Mas a robustez da sigla nunca impediu crises internas, cujo desfecho se deu
na última quinta-feira (29), com a eleição da nova cúpula. A partir de 1º de junho, Antônio Rueda (RJ) assume a
presidência da legenda e ACM Neto (BA) o cargo de vice.
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Com um resultado unânime (30 votos a zero), a chapa liderada por Rueda derrotou a do atual presidente e fundador do PSL, Luciano Bivar (PE). A avaliação interna é de que, ainda que Bivar tenha méritos sobre o crescimento da sua antiga legenda – o PSL saiu de um deputado, em 2014, para 52, em 2018 –, o cacique pernambucano teve dificuldades para organizar a atual sigla, que ficou marcada pela falta de convergência sobre temas, ideias e projetos e pelo excesso de divergências e disputas, o que dividia o partido em alas.
Portanto, a maior preocupação dos integrantes do UB passou a ser sobre os riscos políticos que esse tipo de instabilidade pode gerar nas urnas. Sem reunir forças, poderá sofrer impactos nas eleições municipais deste ano e, consequentemente, nas gerais, em 2026, quando deve apresentar Ronaldo Caiado como candidato à Presidência. A mudança no comando do partido poderá, ainda, facilitar uma possível federação com o PP, do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e, eventualmente, com o Republicanos. Bivar não é simpático à federação e, agora, as negociações têm mais chances de avançar.
Para além disso, o partido tem pretensões de assumir a cúpula do Congresso com a eleição de Elmar Nascimento (BA) e Davi Alcolumbre (AP) para as presidências da Câmara e do Senado, respectivamente. Há quem diga que Rueda também chega ao comando do UB com sonhos parecidos. Mas terá de primeiro manter o partido unido em torno do seu nome para, depois, pensar em se sentar numa cadeira mais privilegiada no Parlamento.