Arthur lira
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Os precipitados movimentos na Câmara dos Deputados pela sucessão do seu presidente, Arthur Lira (PP-AL), têm gerado reflexos nos grupos políticos e pode, em breve, forçar posicionamentos mais concretos desses atores, principalmente do governo. Na semana passada, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, usou as redes sociais para dizer que o assunto – sucessão da presidência na Câmara – ainda não foi discutido pelo partido e que isso será feito no momento oportuno. Além disso, Gleisi aproveitou para marcar posição e não descartou a possibilidade de “lançar candidatura própria ou de seu campo político”.

A declaração da dirigente teve como principal alvo integrantes petistas, segundo apurou a Arko. O “recado para dentro” de seu grupo político foi uma forma de conter o já notório apoio de alguns membros da legenda ao principal candidato de Lira, o deputado Elmar Nascimento (União-BA). Além de o deputado ter feito campanha para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e nunca ter sido aliado dos governos petistas, ele está longe de ser o nome preferido do Palácio do Planalto.

Arthur Lira
Lula e Lira – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Lula e seu entorno já experimentaram o gosto amargo de ter na presidência da Casa um não aliado, caso de Eduardo Cunha, e dificilmente irão optar por esse caminho em 2025, quando ocorrerão as eleições para as Mesas. Aliás, o governo já deu seu apoio em fevereiro deste ano à reeleição de Lira – um antigo aliado de Bolsonaro –, depois que o deputado ajudou a aprovar a PEC da Transição ainda no governo passado, proposta que abriu espaço orçamentário. Mas, agora, a tendência é que o Planalto adote um caminho diferente e, com isso, aumentam as possibilidades de nomes que não tinham favoritismo até pouco tempo atrás.

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Mesmo que Elmar Nascimento e o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), sejam dois fortes candidatos, correm por fora apostas que se alinham melhor às palavras de Gleisi. O líder do PSD, Antônio Brito (BA), e o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), devem ganhar tração com o passar da corrida. Os dois são muito bem-vistos internamente por seus pares e são próximos do Planalto. A tendência, no entanto, é que, num futuro próximo, o bloco partidário composto por MDB/Republicanos/PSD/Podemos chegue a um denominador comum, aquele considerado com mais chance de se tornar o próximo presidente da Casa.

Autor

  • Rachel Vargas

    Editora-chefe na Arko Advice, desde fevereiro de 2022. Antes, atuou como repórter de política na CNN Brasil. Foi correspondente internacional em Nova Iorque pela Record TV. Atua em redação há 18 anos.