A ministra Rosa Werber assume nesta segunda, às 17h, a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), a terceira mulher a ocupar o posto nos 131 anos da Suprema Corte.
Discreta e reservada Rosa Weber atinge o topo da carreira na magistratura. Ela promete uma gestão técnica, pouco afeita a conversas políticas e refratária à exposição na mídia, linha oposta de seus dois antecessores, Luiz Fux e Dias Toffoli.
Seu mandato será curto: vai durar pouco mais de um ano. Ela completa 75 anos em 2 de outubro de 2023, idade prevista para a aposentadoria compulsória. Com a sua saída, o ministro Luís Roberto Barroso, atual vice-presidente, assumirá o cargo.
A 20 dias do primeiro turno e em meio a uma campanha eleitoral marcada por ataques bolsonaristas ao Poder Judiciário, a ascensão da ministra à presidência deve elevar o nível de coesão do STF.
Em seus quase onze anos de atuação no Supremo, ela se manteve alheia às disputas internas. Avessa a bate-bocas, jamais levantou a voz nos julgamentos, nem cultivou nenhum desafeto.
Rosa Weber, originária da Justiça do Trabalho, tem boa relação com todos os colegas, em especial com o ministro Alexandre de Moraes, atual presidente do TSE e relator dos inquéritos que tramitam no STF sobre “fake news”, milícias digitais e atos antidemocráticos.
A “dobradinha” preocupa o presidente Jair Bolsonaro, que concorre à reeleição e os considera os mais linha dura em relação ao atual governo.
Rosa era presidente do TSE quando Bolsonaro foi eleito em 2018. Na diplomação, ele se dirigiu nominalmente à ministra para elogiá-la pelo “trabalho coletivo que garantiu a legitimidade do processo eleitoral”. Quatro anos depois, o discurso de campanha se volta novamente à tese falsa de fraude nas urnas. A ministra já deu seu parecer a respeito: “Opinião desconectada da realidade.”
Foi um raro pronunciamento público, feito a jornalistas antes de entrar para uma sessão da Primeira Turma do STF, a poucas semanas das eleições de 2018.
A ministra prefere manifestar-se por escrito, oficialmente, nos autos dos processos dos quais é relatora. Ao Palácio do Planalto, foram vários os recados ao longo do último ano: omissões no combate à pandemia, excessos na política armamentista, falta de transparência no uso da verba pública.
Ela também não tem poupado críticas à conduta da Procuradoria-Geral da República (PGR) sob a batuta de Augusto Aras. Quando ele quis aguardar o fim da CPI da Covid para decidir se abriria ou não inquérito contra Bolsonaro, Rosa o alertou de que não cabe ao Ministério Público “o papel de espectador”.