A disparada nos preços das passagens aéreas vem provocando mudanças na hora de escolher como a viagem será feita. Ao longo deste ano, consumidores têm optado por fazer viagens de ônibus.
O conforto dos veículos melhorou e o mesmo vem ocorrendo, ainda que de forma lenta, com as estradas, que foram concedidas ao setor privado. Houve redução no número de acidentes, com melhoria do estado de conservação das rodovias. O fenômeno é observado em trechos com distâncias até mil km, ligando os principais centros urbanos do país.
Os passageiros também não precisam mais ir até os guichês das companhias e enfrentar filas para comprar passagens. Apareceram empresas especializadas na comercialização de passagens pela internet e seus negócios estão em curva ascendente. As facilidades que eram oferecidas no setor aéreo chegaram aos usuários das rodoviárias.
A ClickBus, a maior dessas plataformas on-line no país, registrou volume bruto de vendas recorde no primeiro semestre deste ano, alcançando R$ 670 milhões, alta de 133% em relação a igual período do ano passado. O número de passageiros registrou um de 104%.
O desenvolvimento deste mercado chamou a atenção de novos interessados. Concorrentes foram atraídos para o negócio, como Buser e o grupo alemão Flixbus. Todos se beneficiam do aumento da demanda por passagens rodoviárias.
Aos preços salgados das passagens aéreas somou-se a alta da gasolina, o que faz as pessoas deixarem o carro em casa na hora de enfrentar a estrada. O viajante corporativo também passou a optar pelas passagens de ônibus.
O que ocorre atualmente no setor de transporte interestadual de passageiro é movimento inverso ao que foi observado há quase dez anos, quando os ônibus viram seus tradicionais usuários embarcando em aviões. As empresas aéreas ofereciam passagens parceladas e viagens que eram feitas em até 30 horas foram reduzidas para duas.
O Anuário do Transporte Aéreo de 2013, elaborado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apontava à época que nos anos anteriores, 12,8 milhões de pessoas tinham deixado de usar ônibus para viangens interestaduais superiores a 75 quilômetros.
Ao mesmo tempo, 53 milhões de pessoas passaram a usar avião nesses trajetos. O anuário apontava que a perda dos passageiros que viajam por terra foi de 19% desde 2004, passando de 67,2 milhões para 54,4 milhões.
A movimentação pelos aviões tinha crescido 177%, passando de 29,9 milhões passageiros transportados por ano para 83 milhões. A Anac usou dados de sua congênere ANTT, que registra a movimentação de passageiros de ônibus interestaduais e internacionais.