Início » “A Petrobras não pode agir como se nada estivesse acontecendo”, defende presidente do Comitê de Secretários de Fazenda

“A Petrobras não pode agir como se nada estivesse acontecendo”, defende presidente do Comitê de Secretários de Fazenda

A+A-
Reset

Com os recentes aumentos nos preços da gasolina e do diesel, os governos estaduais voltaram a ser cobrados pela redução do imposto estadual que incide sobre a venda dos combustíveis, o ICMS. Contudo, o secretário de Fazenda de Pernambuco e presidente do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do DF (Comsefaz), Décio Padilha, argumenta que o aumento nos preços não é culpa dos governadores.

“A base de cálculo já estava congelada e a lei complementar reforçou essa fixação que vai até julho do ano que vem. Mesmo diante de todo esse sacrifício o diesel aumentou em 47%. Se o ICMS está congelado há tanto tempo, como o diesel continua aumentado?”, argumenta.

Décio foi um dos secretários que se reuniram na última quinta-feira (12) com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para discutir o preço dos combustíveis. Pacheco se comprometeu a pedir ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que o projeto de lei que cria uma conta de estabilização volte a tramitar. Além disso, os secretários cobraram uma atuação mais forte da Petrobras para a redução dos preços.

“A Petrobras precisa participar do debate, não pode simplesmente tocar sua vida como nada estivesse acontecendo. Há um problema. O tamanho do sacrifício ou a solução que se busca é fruto de um diálogo”, declarou Décio.

Leia a entrevista completa:


Décio Padilha, secretário de Fazenda de Pernambuco e presidente do Comsefaz

O senhor se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco na última quinta-feira (12). Como que foi a reunião? Teve alguma evolução na busca de uma solução para os combustíveis?

Houve grande evolução porque tivemos tempo de mostrar ao presidente todo o impacto da implementação da Lei Complementar 192 (ICMS monofásico e uniforme para o diesel). Os estados estão renunciando R$ 37,2 bilhões esse ano, em ICMS. A base de cálculo já estava congelada e a lei complementar reforçou essa fixação que vai até julho do ano que vem. Nos últimos cinco meses a gente já teve uma renúncia de R$ 16 bilhões de reais. Mesmo diante de todo esse sacrifício o diesel aumentou em 47%. Se o ICMS está congelado há tanto tempo, como o diesel continua aumentado? E o diesel tem impacto muito grande porque ele provoca grande disseminação do aumento dos preços. Isso acontece porque 81% das cargas no Brasil são transportadas por rodovias, por caminhões.

Os estados seguem politicamente pressionados porque a alíquota única do ICMS sobre o diesel acabou não resultando em redução. Como os estados podem contribuir para redução dos preços?

Precisamos definir o que vai ser feito com a gasolina, com álcool e com o GLP porque o congelamento se encerra no dia 30 de junho. Por isso solicitamos ao presidente do Senado, e ele concordou, em convocar uma reunião com os governadores e com os secretários de Fazenda para que a gente busque a melhor solução possível antes dessa data. Já sobre a LC 192, ela já prevê a prevê uma não alteração da base de cálculo até julho do ano que vem, então temos que lembrar disso quando falamos em sacrifício. Estamos aplicando um preço-base de novembro de 2021. O sacrifício é imenso, já que 25% do ICMS vai para os municípios. Estados e municípios vem em um contexto muito difícil em equalização de receitas.

Então, o senhor defende que uma solução deve vir do governo federal e da Petrobras?

A Petrobras precisa participar do debate, não pode simplesmente tocar sua vida como nada estivesse acontecendo. Há um problema. O tamanho do sacrifício ou a solução que se busca é fruto de um diálogo. A Petrobras importa pelo preço da cotação internacional, mas qual o preço da importação, qual o preço da produção interna? É importante sabermos par debatemos isso e para que a gente evoluir para alguma solução.

O custo ponderado é possível? Além de considerar a cotação internacional, a variação do câmbio e o custo de produção local, é importante debater isso. Algumas petrolíferas do mundo praticam isso. Ela pode praticar também? A solução tem que vir da discussão.

O que o senhor pensa sobre o PL da conta de estabilização?

Essa é a medida que tem o efeito mais imediato, principalmente em relação à volatilidade do dólar e a continuidade da gerra na Rússia e devido ao ano eleitoral. 12% do petróleo do mundo é feito na Rússia – é uma parcela muito significativa. Vários países têm esse mecanismo. Porque o Brasil não poderia ter?

Páginas do site

Sugira uma pauta ou fale conosco

Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de cookies. Aceitar Saiba mais