O discurso do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), realizado na sexta-feira (21), durante a oficialização de sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, indica que ele terá muitos desafios para se credenciar como o candidato da terceira via na sucessão.
Ciro defendeu medidas econômicas que causam desconfiança como, por exemplo, a revisão da reforma trabalhista, no teto de gastos e na política de preços da Petrobras. Também prometeu taxar grandes fortunas, ajudar os endividados e criar um programa de renda mínima universal, a partir do Auxílio Brasil, seguro-desemprego e aposentadoria rural.
Ao prometer ajuda aos endividados, trazendo novamente para agenda uma proposta que foi recebida com desconfiança em 2018, atacou o mercado ao afirmar que “assim as cinco ou seis famílias de banqueiros e os poucos milhares de especuladores poderão “tremer de medo”.
Embora o discurso de Ciro Gomes busque atrair parte do voto de esquerda que hoje está com o ex-presidente Lula (PT), é difícil que ele obtenha sucesso nesse movimento. Por outro lado, seu discurso essencialmente desenvolvimentista, embora agrade ao PDT, afasta o centro e a direita, que são os setores que Ciro necessita atrair.
Mesmo que Ciro busque tirar votos de Lula e ganhar pontos ao centro visando ser o adversário do PT no segundo turno, essa possibilidade é improvável, já que o campo da direita/centro-direita, além do presidente Jair Bolsonaro (PL), conta com nomes como o ex-ministro Sergio Moro (Podemos) e o governador de São Paulo (SP), João Doria (PSDB).