A possibilidade de uma federação de partidos de esquerda está passando por momentos de incerteza. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, fez hoje uma série de reclamações sobre o processo.
“A situação exige que o PT escolha qual é a sua prioridade: se é disputar com o seu principal aliado, na esquerda, os governos estaduais, ou se é conquistar a Presidência da República. Nós estamos dispostos a colaborar com a eleição de Lula, mas também queremos que o PT esteja disposto a colaborar com as nossas candidaturas”, disse, em entrevista ao jornal Correio Braziliense.
Em seguida, publicou no Twitter: “A criação de uma federação é mais complexa para partidos grandes e médios. Merece reflexão até pelas implicações nas candidaturas de 2022. O tema ainda está sob avaliação no PSB. O partido tem candidatos fortes em vários estados e acredita na viabilidade eleitoral desses nomes”.
PT e PSB enfrentam dificuldade na negociação dos candidatos a governos estaduais. O principal, mas não único, entrave é a definição em São Paulo. Petistas querem que Fernando Haddad concorra a governador enquanto PSB não abre mão da candidatura de Márcio França.
Além de São Paulo, não há acordo em relação a candidaturas em Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Acre.
Vale destacar que, apesar dos entraves, a possibilidade de união entre PSB e PT ainda não está enterrada. De olho na visibilidade que o palanque de Lula pode dar aos candidatos ao Congresso, a bancada do PSB tenta reavivar a discussão. Segundo o líder Bira do Pindaré (MA), os deputados procuram formas de fortalecer Carlos Siqueira na negociação com o PT.
É natural que o momento seja de negociação. Mesmo partidos menores que avaliam a federação, como o PCdoB e o PV, fazem exigências. Receosos de serem engolidos por uma federação capitaneada por um dos partidos com maior representação no Congresso, o “nanicos” buscam formas de garantir, no estatuto da federação, que tenham voz nas decisões internas do grupo.