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Chapa anti-Doria ganha forma

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Um ato político na Câmara Municipal de Cajamar, na região metropolitana de São Paulo (SP), com a participação do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, dos ex-governadores Geraldo Alckmin (PSDB) e Márcio França (PSB), e do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Paulo Skaf (MDB), deu início a construção da chapa que deve disputar o Palácio dos Bandeirantes contra o projeto do governador João Doria (PSDB).

A expectativa é que nos próximos dias Alckmin se filie ao PSD e concorra novamente a governador. Seu vice deve ser França, repetindo a chapa vitoriosa de 2014, e Skaf é cotado para disputar o Senado na mesma composição.

Por trás dessa composição está o desejo de impor uma derrota a Doria (PSDB), que aposta suas fichas no vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), que é o único inscrito na prévia do partido em SP e será o candidato tucano ao Palácio dos Bandeirantes.

O tom adotado por Alckmin, França e Skaf mostra que Doria será o alvo da chapa que está sendo construída. Em seu discurso, Alckmin afirmou que “hoje a política, muitas vezes, é a ribalta, para “marketagem”, para autopromoção. Quem muito se promove, não comove. A vida nos ensina: devemos estar a serviço do povo, permanentemente”.

França, por sua vez, enalteceu o legado do falecido ex-governador Mário Covas (PSDB) e afirmou que “metade do país gosta do Lula, metade gosta do Bolsonaro, mas que “há um homem que pode unir o Brasil: João Doria. 100% das pessoas não gostam dele”.

Ex-aliado de Doria, Kassab fez uma fala exaltando a aliança e disse que o quarteto é o que “há de melhor na política brasileira”. Kassab disse ainda que o PSD estará incondicionalmente ao seu lado, Geraldo Alckmin”.

Alckmin também tem realizado sinalizações em direção a centro-esquerda. O ex-governador tem conversado com ex-ministro Aldo Rebelo (SD), o deputado federal Paulinho da Força (SD-SP), além de flertar com PDT e Avante.

Para atrair do PDT, é especulada inclusive a possibilidade de Geraldo Alckmin ceder seu palanque em São Paulo (SP) para o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Alckmin tem também participado de encontros com sindicatos de trabalhadores.

A eventual atração do PSB e PDT seria um movimento estratégico de Geraldo Alckmin, na medida em que isolaria PT e PSOL, que tem o ex-prefeito Fernando Haddad e Guilherme como pré-candidatos, respectivamente, e afastaria legendas do campo progressista de Rodrigo Garcia. Além disso, isolaria o candidato que representar o bolsonarismo na extrema-direita.

Outro aspecto interessante do cenário pré-eleitoral de SP é a possível aproximação entre Haddad e Alckmin para o segundo turno. Os dois se encontraram durante o primeiro semestre. Nos encontros, foi cogitada a possibilidade de, caso eles não sejam adversários num eventual segundo turno, formar uma aliança estratégica contra Rodrigo Garcia.

No campo da esquerda, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) tem intensificado sua movimentação. Nesse final de semana, esteve na periferia da capital paulista ao lado do ex-presidente Lula (PT), com objetivo de consolidar sua pré-candidatura. Por ora, a divisão nas esquerdas persiste, pois Guilherme Boulos (PSOL) teve recentemente sua pré-candidatura oficializada por seu partido.

Mais do que isso, Boulos também acelera sua atuação política. Na última quinta-feira (23), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), coordenador por Boulos, ocupou a Bolsa de Valores de São Paulo (B3). O protesto teve como pauta a denúncia do desemprego, da fome e da desigualdade social, além das críticas ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Economia, Paulo Guedes.

Apesar da esquerda estar dividida, existe a possibilidade do pragmatismo pesar e PT, PSOL e PCdoB estarem juntos, afinal de contas uma união do campo progressista aumentará a chance da esquerda chegar ao segundo turno.

Quem neste momento vive um cenário adverso em seu reduto eleitoral é João Doria. Além do governador do Rio Grande do Sul (RS), Eduardo Leite (PSDB), estar ganhando terreno nas prévias nacionais do partido, Geraldo Alckmin deve sair do PSDB e carregar com ele parte da legenda. Além disso, se aproxima de nomes também anti-Doria como Márcio França e Paulo Skaf, além de flertar com a centro-esquerda.

Está em curso em SP a construção de uma frente anti-Doria que tem o potencial de não apenas inviabilizar o projeto de poder nacional e estadual do governador, como ameaçar a hegemonia do PSDB no Estado que vigora desde 1995.

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