Com a saída de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores (MRE) na segunda-feira da semana passada (29/03), Carlos França foi anunciado como substituto para o comando da pasta. Apesar de não significar uma ruptura total com a linha de pensamento que vinha sendo adotada no MRE, França tem um perfil mais discreto que o de Araújo.
O novo ministro assume em um cenário bastante adverso, interna e externamente. Do ponto de vista doméstico, o Brasil enfrenta o pior momento da pandemia do novo coronavírus até então. Internacionalmente, a imagem brasileira em relação a temas ambientais, sanitários e políticos precisa ser administrada.
Uma sinalização importante foi a escolha de Fernando Simas Magalhães para Secretário-Geral do ministério. Magalhães é o atual representante permanente do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA). É um diplomara experiente, já ocupou cargos importantes em embaixadas e organismos internacionais, em diferentes administrações.
Considerando que a carreira de França tem mais relação com o cerimonial do Itamaraty, a escolha de um ‘braço direito’ experiente na articulação internacional pode ser um sinalizador de diretrizes mais pragmáticas na política externa.
Os laços da pasta com o Congresso também precisarão ser estreitados. A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados aprovou na semana passada o convite ao novo chanceler para apresentar as diretrizes da política externa e defesa nacional.
Os temas relacionados ao combate à pandemia devem ser o foco dos parlamentares, sobretudo a articulação internacional para aquisição de vacinas. Posicionamentos sobre questões ambientais, postura em relação ao Mercosul e relações bilaterais com China e Estados Unidos provavelmente também serão cobrados do novo chanceler.